quinta-feira, 7 de junho de 2018

A Prostituição segundo a Bíblia - Parte Final



Continuando o estudo sobre o significado da Prostituição na Bíblia, ainda há numerosas passagens que aludem a este pecado, seja ele sexual ou de idolatria.

Etmolgicamente, a palavra prostituta vem do grego Porneia. O site bíblia.com.br nos dá uma interessante definição da palavra:

“Algumas traduções da Bíblia usam a palavra ‘fornicação’ onde outras usam a expressão ‘relações sexuais ilícitas’ ou ‘imoralidade sexual’. A palavra original grega é porneia, que é definida como ‘relações sexuais ilícitas’ (Dicionário da Bíblia Almeida), que inclui, mas não é limitado ao adultério”.

"A palavra ‘ilícito’ (que significa ilegal ou impróprio) pode confundir algumas pessoas, uma vez que vivemos num tempo onde pouca coisa é considerada ilícita. Somente porque nossas autoridades civis legalizaram algumas atividades (que Deus não autorizou) não as torna corretas. Um homem que, mesmo com a aprovação do governo, se divorcia de sua esposa sexualmente fiel, ou cuja esposa se divorcia dele, e se casa com outra, comete adultério (veja Mt 5:32; 19:9)”.

“Desde que Deus autorizou cada homem a ‘ter sua própria esposa’ e vice-versa (1 Co 7:2), qualquer variação (sexo pré-marital ou extra-marital, bem como bigamia, poligamia e homossexualismo) é ilícito e cai dentro da definição de fornicação”.


Talvez a passagem mais notória seja em Apocalipse, comparando a corrupção do mundo com a prostituta da Babilônia.      

1. E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças, e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas;
2. Com a qual fornicaram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua fornicação.
3. E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor de escarlate, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres.
4. E a mulher estava vestida de púrpura e de escarlate, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua fornicação;
5. E na sua testa estava escrito um nome: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da terra.
6. E vi que a mulher estava embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus. E, vendo-a eu, maravilhei-me com grande admiração.

Apocalipse 17:1-6

A Bíblia de Estudo Plenitude descreve a passagem, a seguir:

“Prostituíram, porneuo: Comparar com “pornografia”. Ocupar-se de relações sexuais ilícitas, ser infiel, ser prostituta, prostituir-se. A palavra é usada literalmente (Mc 10:19; 1Co 6:18; 10:8; Ap 2:14-20) e metaforicamente para descrever a fornicação espiritual, isto é, a idolatria (Ap 17:2; 18:3-9)”.

Quanto ao nome em sua fronte, a Bíblia Plenitude diz:

“Exigia-se que as meretrizes romanas usassem uma etiqueta com seus nomes na testa. Para os antigos cristãos, Roma era a Babilônia, a mãe da idolatria e suas maldades”.

E ainda há a definição do nome feita pelos tradutores, a seguir:

“Sete vozes descrevem a queda da Babilônia como um fato realizado, algumas em agradecimento e outras em lamentação. No NT, a Babilônia é um símbolo da humanidade pecadora e sua capacidade de auto-ilusão, ambição, orgulho pecaminoso e depravação demoníaca. Portanto, ela representa a cultura mundial em rebelião contra Deus. A Babilônia está em contraste com a Igreja como uma sociedade que persegue o povo de Deus e, portanto, será inevitavelmente destruída”.  

Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, notas 17:2, 17:5 e 18:1, pág. 1370.


Mas por que a Bíblia compararia a abominação do Apocalipse com a cidade da Babilônia? Pessoalmente, creio que era uma alusão à Babilônia de Nabucodonossor, datando o século 6 a.C, quando ocorreu a primeira destruição do Templo e a partida para o cativeiro.

5. Porque Israel e Judá não foram abandonados do seu Deus, do Senhor dos Exércitos, ainda que a sua terra esteja cheia de culpas contra o Santo de Israel.
6. Fugi do meio de Babilônia, e livrai cada um a sua alma, e não vos destruais na sua maldade; porque este é o tempo da vingança do SENHOR; que lhe dará a sua recompensa.
7. A Babilônia era um copo de ouro na mão do SENHOR, o qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso as nações enlouqueceram.


Jeremias 51:5-7

Oseias, o profeta, passa por uma situação curiosa em seu ministério profético. Ele recebe a ordem de se casar com uma mulher – supostamente uma prostituta – à mando do próprio Deus. Em seu livro ele diz:

2. O princípio da palavra do Senhor por meio de Oséias. Disse, pois, o Senhor a Oséias: Vai, toma uma mulher de prostituições, e filhos de prostituição; porque a terra certamente se prostituiu, desviando-se do Senhor.
3. Foi, pois, e tomou a Gômer, filha de Diblaim, e ela concebeu, e lhe deu um filho.


Oséias 1:2,3

Não se sabe se Oseias estava falando de uma prostituta literal ou utilizando-se de uma metáfora, evidenciando que a terra estava prostituindo-se com a apostasia e a idolatria. Todavia, a Bíblia de Estudo Plenitude nos dá uma sugestão quanto a esta dúvida:

“A expressão mulher de prostituições tem sido interpretada de três maneiras: 1) uma alegoria mostrando o relacionamento de Deus com Israel; 2) Gômer caiu numa vida de imoralidade depois que Oseias se casou com ela; 3) Oseias sabia que Gômer era uma prostituta quando se casou com ela. A simples leitura corrida do texto recomenda o terceiro ponto de vista como correto”.

“A razão para o chamado de Deus a seu profeta é dada rapidamente: a terra se prostituiu. Desde o início, a relação entre a experiência de Oseias e aquela do Senhor é vista, estabelecendo assim o tema principal do livro”.

Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, nota 1:2, pág. 858.

E, de fato, a prostituição foi o principal tema. Oseias teve três filhos, dos quais Deus usou para nomear a apostasia e a idolatria do reino setentrional de Israel. Seus nomes foram:

  1. Jizreel: “Deus dispersa” ou “Deus espalha” (Os 1:4). Um menino. Aludia à queda de Samaria (722 a.C.);
  2. Lo-Ruama: “Desfavorecida” ou “Sem Misericórdia” (Os 1:6). Uma menina. Indicava o afastamento de Deus daquela nação rebelde;
  3. Lo-Ami: “Não-Meu-Povo” (Os 1:9). Um menino. Indicava que os israelitas samaritanos foram – temporariamente – rejeitados por Deus. 
      
O Senhor Jesus, no Evangelho de Mateus, nos dá uma série de lições valiosas, no que ficou conhecido como o “Sermão da Montanha” (Mt 5). Ali ele comenta sobre o pecado do adultério e o divórcio.  

31. Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
32. Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.

Mateus 5:31,32

Em algumas traduções bíblicas, a palavra fornicação é substituída por infidelidade e prostituição. Novamente a Bíblia de Estudo Plenitude nos ajuda a compreender esta passagem:

“Os fariseus interpretaram os ensinamentos de Moisés sobre o divórcio (Dt 24:1) como significando que um homem poderia divorciar-se de sua esposa mediante qualquer motivo. Aqui, Jesus opõe-se ao abuso deles, restringindo o divórcio aos fundamentos das relações sexuais ilícitas, uma expressão que significa qualquer desvio dos padrões bíblicos claramente definidos para a atividade sexual (por exemplo homossexualidade, adultério, fornicação e prostituição)”.

Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, nota 5:31-32, pág. 960.

Ainda nos Evangelhos, alguns pesquisadores acusam Maria Madalena (Lc 8:2), de ser uma prostituta, às vezes a associando com a mulher adúltera (Jo 8:1-11). Maria Madalena encontrava-se em Cafarnaum, enquanto que a adúltera em Jerusalém. Ora, não é possível que estas duas mulheres, estando em lugares tão distantes, fossem as mesmas e, sendo as duas perdoadas de seus pecados, não há relatos de que se tornaram reincidentes. Mas isto será assunto para outro texto.


Estudando este fascinante tema, fica claro que a prostituição bíblica não era apenas sexual, mas espiritual também. Porém, significa que nós – pecadores convertidos em Cristo – devemos hostilizar quem pratica este pecado ativa ou passivamente? É claro que não!

Temos dois exemplos a seguir:

  1. De Cristo:

17. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

João 3:17
  
Portanto devemos ser imitadores de Cristo (1 Co 11:1), pregando e exortando na Palavra, e não condenadores hostis.

  1. De Paulo:

11. E ficou ali (Corinto) um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.

Atos 18:11

O apóstolo Paulo não condenou as prostitutas de Corinto, ao invés, exortou a elas a palavra do arrependimento, da santidade e da Salvação.  

Não devemos ser hipócritas, meus irmãos. Os homens que as condenam são os primeiros a procurarem por elas quando pretendem satisfazerem-se sexualmente (e, às vezes, até sentimentalmente). E da mesma maneira as mulheres, que as condenam por sua prostituição e luxúria, mas fantasiam em suas mentes como seria se tivessem o mesmo retorno financeiro farto destas profissionais do sexo.

Nós devemos odiar o pecado e não o pecador.

Concluindo, não devemos condenar pecador algum, mas exortar. Temos de ter muito cuidado com a maneira que procedemos com os pecadores em vida, por que conforme Jesus nos alertou na parábola dos trabalhadores da vinha, deverei alertar aqui também:

28. Mas, que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha.
29. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi.
30. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi.
31. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.


Mateus 21:31


- Eduardo Redux



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