segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Como Sermos Bons Pais segundo a Bíblia?



Muitos pais parecem se favorecer da prerrogativa do quinto mandamento quanto à criação dos filhos, mas este é, de fato, um embasamento bíblico para os negligenciarmos?

No livro de Êxodo diz:

12. Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.

Êxodo 20:12

Desta maneira, nós, os filhos, estamos biblicamente obrigados a honrar nossos pais. Este é o quinto mandamento, não estipulado ou concebido pelos homens, mas ordenado pelo próprio Deus.

Entretanto, conforme dito acima, muitos pais negligenciam seus filhos e se blindam da responsabilidade paterna se utilizando do mandamento divino como pretexto. Assim eles não assumem seus próprios erros e – pior ainda – não os corrigem.   

Mas o que seria negligenciar? O site dicio.com o define:

1.       Não ter cuidado com;
2.       Ter negligência nos modos como se trata algo ou alguém;
3.       Desleixar ou desleixar-se: a mãe negligenciou os filhos; ele se negligenciou após o seu casamento.


Vejamos alguns exemplos bíblicos do que se acontece quando os pais negligenciam os filhos. A preferência entre os filhos lhes causa insegurança e ressentimento. Isaque e Rebeca tiveram dois filhos, Esaú e Jacó, mas nutriram sentimentos de preferência entre eles (Gn 25:28). Jacó, com a ajuda de sua mãe, engana a Isaque, roubando a bênção da primogenitura (Gn 27:18-29). Isto o ocasionaria um terrível pecado que o perseguiria por quase vinte anos (Gn 31:41).    

Apesar de passar por esta situação desagradável, Jacó parecia não ter aprendido a lição. Com o nascimento de José (Gn 30:22-24), fruto de Raquel, a mulher que ele realmente amava (Gn 29:18), ele também nutre um sentimento de favoritismo entre os seus filhos (Gn 37:3-4), ocasionando uma tentativa de homicídio contra a vida de José (Gn 37:18) e consequentemente sua venda como escravo (Gn 37:27-28).

Portanto, vemos como a preferência entre os filhos causa danos profundos na família.

Eli, o sacerdote, tinha dois filhos, Hofní e Fineias. Estes, devido à sua tamanha perversidade, a própria Bíblia os classificou como filhos de Belial (1 Sm 2:12). Mas, diferente dos patriarcas, Eli não tinha preferência entre seus filhos, ao contrário, os amava profundamente, a tal ponto de honrá-los mais do que ao próprio Senhor (1 Sm 2:29).  

Esta era uma clara violação do primeiro mandamento, o que seria intolerável para alguém que era um sacerdote. Jesus, séculos mais tarde, reiterou o mandamento dizendo:

37. E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.
38. Este é o primeiro e grande mandamento.


Mateus 22:37,38

E ainda o refinou trazendo-o para si mesmo:

37. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.

Mateus 10:37

A transgressão de Eli o ocasionou uma duríssima pena, a desolação de sua casa (1 Sm 2:31), a morte de seus dois filhos (1 Sm 2:34) e a mendicância de quem porventura restasse (1 Sm 2:36). Neste caso, Eli não nutriu sentimento de favoritismo entre seus filhos, mas de ama-los mais do que ao próprio Deus.


O Velho Testamento é bastante intolerante quanto aos filhos desobedientes. Tão intolerante a ponto de mata-los. O livro de Deuteronômio diz:

18. Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos,
19. Então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar;
20. E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão.
21. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá.


Deuteronômio 21:18-21

A brutalidade desta pena capital vigorou por muitos anos, mas graças ao advento do nosso Senhor Jesus, hoje o procedimento quanto aos filhos rebeldes tornou-se mais brando. Jesus deixa isto claro na famosa parábola do filho pródigo.

Na parábola Jesus narra a história de um homem que tinha dois filhos. O filho mais novo pede sua herança e parte para um terra distante, pretendendo viver de maneira desordenada e imoral. Porém, houve fome naquela terra e ele passa por necessidade extrema, a ponto dele querer comer inclusive a ração dos porcos. Arrependido e desiludido, ele decide retornar ao seu pai, mas antes diz a si mesmo:  

18. Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;
19. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.
20. E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
21. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.


Esperando ser tratado com severidade e castigo, o pai antes diz:

22. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;
23. E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;
24. Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.


Lucas 15:11-24

A parábola termina com a indignação do filho mais velho, este mais obediente e esforçado perante seu pai, mas o pai se justifica dizendo que seu irmão, sendo um pródigo e passivo de morte, passou desta para a vida, sendo justificado através do arrependimento e do perdão.

Todavia, é importante ressaltar que esta é uma opinião pessoal sobre como proceder diante da rebeldia dos filhos.

Jesus Cristo nos ensina que devemos sempre conceder o perdão, mas isto não significa que não devemos disciplina-los quando necessário. O sábio rei Salomão é muito claro ao dizer que a punição corporal (tratado com controvérsia em nossos dias) é uma forma de demonstrar amor aos nossos filhos. Ele diz:

24. O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga.

Provérbios 13:24

E o reforça com mais palavras, dizendo:

15. A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da correção a afugentará dela.

Provérbios 22:15

De maneira rápida, o site dicio.com define “estultícia” como estupidez, falta de discernimento e bom senso.

O próprio Deus repreende aqueles que o amam. Isto é evidenciado na seguinte passagem bíblica:

5. E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido;
6. Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.
7. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?

Hebreus 12:5-7

Portanto, castiga-los fisicamente é uma forma prudente de educação, assim evitando a infame negligência.


Protegidos pelo quinto mandamento e orientados biblicamente quanto ao castigo físico, os pais devem então destratar seus filhos? É claro que não!

Na carta aos Efésios, o apóstolo Paulo diz:

1. Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo.
2. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa;
3. Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.
4. E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.


Efésios 6:1-4

O que seria provocar os filhos à ira? O site esbocandoideias.com.br nos dá uma detalhada definição:

a)  Falta de moderação no relacionamento com os filhos: muitos pais usam de sua autoridade como pais para exercer um domínio ameaçador (desequilibrado e violento) diante do filho, fazendo com que ele seja como que um fantoche sem sentimentos, sem sonhos, sem vontades, que deve apenas obedecer a todas as ordens sem questionar nada. Isso gera conflitos (ira) porque a função dos pais é conduzir os filhos ao crescimento em todos os sentidos e não serem dominadores tiranos sobre eles. Pais tiranos produzirão filhos que sempre serão provocados a viver uma vida cheia de ira.

b)      Injustiça nas punições: O lar é um dos primeiros lugares onde os pais devem ensinar o conceito de justiça aos filhos. Pais que usam de punições injustas, exageradas e que visam unicamente trazer sofrimento ao filho, gerarão no coração deste filho um sentimento de ódio, de raiva, de desespero, quando o sentimento que os pais deveriam buscar em suas repreensões é o de condução ao arrependimento e edificação por meio da justiça.

c)       Exigências sem sentido: Alguns pais irritam seus filhos quando os tratam como se fossem seus escravos pessoais, fazendo exigências sem sentido e usando os filhos para satisfazer exigências pessoais que nada têm a ver com criar os filhos na disciplina do Senhor. Conflitos desnecessários surgem aqui, pois os filhos, por mais imaturos que possam ser, conseguem perceber essa disfunção nas exigências dos pais. Um exemplo prático é um pai que exige que seu filho trilhe o caminho de uma certa profissão sem ter em mente o desejo do filho.

d)      Importunações sem propósito: Alguns pais irritam seus filhos por usar sua experiência de vida para criar importunações sem propósito que tem o único objetivo de trazer alguma dor, alguma punição, alguma tristeza aos filhos. Isso, definitivamente, não é o alvo e não atinge o objetivo de criar os filhos na disciplina do Senhor (orientado na Bíblia). Um exemplo prático é um pai que sempre provoca seu filho em alguma deficiência que ele tem. Por exemplo, chamando-o de burro porque ele tirou uma nota baixa na escola.



Nenhum pai prudente e que ama a seu filho deve instrui-lo a andar nos caminhos pecaminosos do mundo, tampouco doutrina-los no engano das ideologias ateístas, idolatrias politeístas, sabedorias mundanas e as carnalidades sexuais da fornicação e do adultério. Devemos ensina-los sempre nos caminhos de Deus.

5. Sabes, pois, no teu coração que, como um homem castiga a seu filho, assim te castiga o Senhor teu Deus.
6. E guarda os mandamentos do Senhor teu Deus, para andares nos seus caminhos e para o temeres.


Deuteronômio 8:5,6

18. Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos.
19. E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te;

Deuteronômio 11:18,19

Separando em tópicos, deixo aqui uma breve orientação quanto a criação dos filhos:

·         Os filhos devem honrar seus pais, pois é mandamento do Senhor (Ex 20:12);
·         Não devemos ter favoritismo e preferência entre os filhos. Os resultados podem ser desastrosos (Gn 25:28; 37:3-4);
·         Não devemos ama-los mais do que a Deus. Os resultados podem ser trágicos (1 Sm 2:29; Mt 22:37-38);
·         Devemos estar sempre dispostos a perdoa-los (Lc 15:11-24);
·         Devemos castiga-los com prudência, fisicamente se necessário (Pv 13:24; 22:15; Hb 12:5-8);
·         Não devemos provoca-los à ira, desprezando-os ou descontando neles nossas frustrações (Ef 6:1-4);
·         Devemos sempre ensina-los nos caminhos de Deus, sendo esta a base de sua educação (Dt 8:5-6; 11:18-19).

Portanto, assim concluo este breve estudo sobre como criar os nossos filhos nas orientações do Senhor.


- Eduardo Redux




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