quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A Santíssima Trindade - Uma Reflexão Sobre Sua Natureza



 

[Os argumentos apresentados nesse texto são passivos de alteração e/ou complementação]

O que é a Santíssima Trindade?

A noção de Trindade começou no Novo Testamento, ou seja, no nascimento do Cristianismo, mas há várias passagens e evidências no Velho Testamento que complementam essa ideia.

Nabeel Qureshi, um ex-muçulmano convertido ao Cristianismo, em uma palestra disse ser a Santíssima Trindade a essência que liga três diferentes pessoas. Em suas palavras, ele exemplificou dizendo que ele e outro palestrante naturalmente não são a mesma pessoa, mas, essencialmente, são eles humanos. Esta explicação nos deu a noção da Trindade ser três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) mas em essência apenas um.


Uma página do Facebook, com o nome de Clive Staples Lewis (em homenagem ao apologista da fé cristã) recebeu a seguinte pergunta de um inscrito:

“Como pode Deus ser 3 e ser 1 ao mesmo tempo? (Matemática 1+1+1 = 3, Trindade 1+1+1 = 3)! Como Jesus pode ser Deus e Homem ao mesmo tempo e na mesma (digamos assim) escala de quantidade”?

O administrador da página, Kauê Varela, deu a brilhante resposta:

“A soma não pode descrever o todo. Se for para tentar justificar a doutrina da trindade pela matemática, temos que usar um cubo como exemplo: 1x1x1 = 1. O volume do todo só é dado pela multiplicação. A matemática de Deus está correta”.

“Entenda uma coisa, o tempo, por exemplo, não pode ser considerado tempo propriamente dito, sem passado, presente e futuro. Nós vivemos no espaço, que possui altura, largura e profundidade e, no entanto, é uma ‘entidade’ única”.

“A matéria como a conhecemos é constituída de átomos, que por sua vez são compostos de prótons, nêutrons e elétrons. Quando você estuda a matéria de maneira geral, ela sempre se apresenta nas formas de sólida, líquida e gasosa. Quando você estuda a base dos seres vivos, temos DNA, RNA e Proteínas. Quando você estuda a maneira como a codificação genética é feita, são sempre 3 nucleotídios. Quando você estuda música, você estuda melodia, harmonia e ritmo. Quando você quer colocar um banquinho em pé, precisará de 3 apoios. Percebe que a característica da natureza é 3 em 1”?

Após esta excelente explicação, aparentemente a natureza do número 3 vai muito além da teológica, tendo também evidências no campo científico.

Como Nabeel Qureshi explica em seu vídeo, há passagens no Velho Testamento que dão a noção de Trindade logo no livro de Genesis. O primeiro versículo do primeiro capítulo diz:

No princípio criou Deus o céu e a terra.
(Genesis 1:1)

No texto original a palavra Deus é “Elohim”, uma palavra hebraica no plural, significando “deuses”. A palavra no singular seria “Eloah”, mas frequentemente na Bíblia Elohim se considera como o Deus único. Há mais uma variedade de significados para esta mesma palavra, conforme se pode ver na página estiloadoracao.com.
(link: https://estiloadoracao.com/elohim-significado/)

Mais adiante no livro de Genesis diz:

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
(Genesis 1:26)

Mesmo no capítulo 3, versículo 22 fica mais explícita a ideia:

Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente,

O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.
(Genesis 3:22-23)


Agora tratando-se da segunda pessoa da Santíssima Trindade, ou seja, de Jesus Cristo, seu papel é menor se comparado ao do Pai Celestial, porém fundamental à redenção dos pecados e à salvação do mundo. No evangelho de João diz:

Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim.
(João 14:6)

Ainda assim, embora compartilhando da mesma essência de Deus, Jesus humildemente se põe menor em relação a seu Pai em Marcos 10:17-18, como vemos a seguir:

E, pondo-se a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele, e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus.
(Marcos 10:17-18)

Mas testifica de si mesmo dizendo ser uno com Deus:

Eu e o Pai somos um.
(João 10:30)

Há muitas outras partes que evidenciam a natureza do Filho na Trindade. Jesus fala de sua existência antes da criação do mundo:

E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.
(João 17:5)

E que, sendo um filho, saiu de seu pai:

Porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste.
(João 17:8)


Esclarecidos o papel do Pai e do Filho, ainda resta a dúvida do que seria o Espírito Santo.
    
Em uma reflexão pessoal, estimei que a terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo, seria a essência, a substância da qual o Pai e o Filho vivem/existem. Por exemplo, nós seres humanos temos o ar como elemento fundamental para a conservação da vida. Mas na Trindade o elemento fundamental seria o Espírito Santo, algo divino e maravilhoso simbolizado com o fogo. São João Batista disse:

E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.
(Mateus 3:11)

“Com o Espírito Santo, e com fogo”. Não sei dizer se os dois são o mesmo, mas a ideia que tenho é de que o Espírito Santo é a sensação da presença divina, e que o fogo seria os subsequentes dons concedidos pela graça do Deus Altíssimo. Essa ideia se reforça pela passagem a seguir:

Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas
(1 Coríntios 12:8-10)

E se complementa no próximo versículo:

Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
(1 Coríntios 12:11)

Resumindo, a definição da Santíssima Trindade seria:
  • Pai: o Deus único – do hebraico “echad” – criador do céu e da Terra.
  • Filho: o cordeiro de Deus, o Messias, responsável pela remissão e salvação do mundo.
  • Espírito Santo: a essência do Criador, cujos dons são concedidos gratuitamente aos homens através do batismo espiritual, tradicionalmente atribuído ao fogo.

Novamente, este texto não é conclusivo, ficando passivo de alteração ou complementação. Não se pode definir em palavras algo tão profundo e maravilhoso quanto a natureza da Trindade, mas nós, enquanto servos em verdade e espírito do Deus Vivo, devemos prestar obediência e culto àquele que do pó nos criou.



- Eduardo Domingues



quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Onisciência - Uma Análise sobre a Consciência Divina




Certa vez, apoiando minha face em minhas mãos, tive uma ideia do que seria a Onisciência Divina.

Pressionando minhas mãos contra meu rosto, pude sentir a pele de minha face, meus globos oculares e a dureza do meu crânio. Imaginando ser a face a perspectiva natural e permanente do ser humano, constatei duas coisas:

  1. A perspectiva compreende apenas o que está adiante da pupila.
  2. Não se pode olhar para dentro da perspectiva ocular, portanto, para atrás do olho.

Ilustração simples da perspectiva ocular humana:



Tomando por exemplo as antigas máquinas de fotografar, notaremos que elas não podem tirar fotos para atrás das lentes, todas as fotos serão tiradas para fora, ou seja, fotografando as imagens adiante de si.


Da mesma maneira o ser humano não pode olhar para dentro de si mesmo, sabe-se lá que visão medonha ele teria do interior do seu crânio, mas, analogamente, se estivéssemos falando de um olhar introspectivo e particular para o seu interior (seu estado espiritual e caráter) seria bom que algumas pessoas pudessem!
  
Quanto ao olho humano, sabe-se que a retina tem cerca de 100 milhões de fotorreceptores e um campo de visão de 150 graus. Porém, só vemos em foco uma área de apenas 10 graus.  
[http://mundoestranho.abril.com.br/saude/como-funciona-o-olho-humano/]

Isaac Abramov, professor de psicologia de Brooklyn College, juntamente com sua equipe de pesquisadores, concluíram que as mulheres enxergam mais cores que os homens, acentuando que há uma diferença na captação visual dos gêneros.
[http://www.pedagogiadascores.com.br/homensemulheres.html]

Tomando por princípio os dados acima, conclui-se que os seres humanos enxergam muito pouco o mundo a sua volta, portanto sua consciência é limitada apenas ao quanto conseguem ver. Somando-se ao fato de que alguns têm pouquíssima – ou nenhuma – visão interior, sua compreensão limita-se mais ainda.

Mas, e quanto a consciência Divina? O que a Bíblia tem a dizer a respeito?

Segundo o dicionário Dicio.com, onisciência é um “saber absoluto; conhecimento abundante sobre tudo”. Para se saber tudo deve-se ver tudo, e esta infinita consciência não limita-se a um par de olhos carnais que abrangem uma pequena área (10 graus focados) adiante de si, mas plenamente tudo, contando o olhar interior e o conhecimento até daquilo que não aconteceu, ou seja, do futuro.

Em algumas passagens da Bíblia diz:

O Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens.
[Salmos 33:13]

Mas o SENHOR está no seu templo sagrado, o SENHOR tem seu trono nos céus. Seus olhos observam tudo; vê atentamente os filhos de Adão.
[Salmos 11:4]

Porque ele vê as extremidades da terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus.
[Jó 28:24]

Os olhos do SENHOR estão em toda parte: Ele observa atentamente os maus e os bons!
[Provérbios 15:3]

Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o Senhor.
[Jeremias 23:24]

Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.
[1 Samuel 16:7]

E não há criatura alguma incógnita aos olhos de Deus. Absolutamente tudo está descoberto e às claras diante daquele a quem deveremos prestar contas. Jesus é o grande sumo sacerdote.
[Hebreus 4:13]

E além de saber plenamente sobre tudo o que há no presente, Deus também sabe das coisas futuras. O profeta Isaías adverte ao rei Ezequias dizendo:

Eis que vêm dias em que tudo quanto houver em tua casa, e o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o SENHOR.
[2 Reis 20:17]

Inclusive o próprio Senhor Jesus, em uma passagem, prediz a destruição do templo de Jerusalém:

Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.
[Mateus 24:2]

Jesus também prevê o aguardado Apocalipse:

Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
[Mateus 24:30]

Onisciência não é apenas ver tudo, mas saber tudo também. Desde as estrelas do céu:

Levando-o para fora da tenda, disse-lhe: "Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-las". E prosseguiu: "Assim será a sua descendência".
[Gênesis 15:5]

Ou seja, Deus sabia a quantidade de estrelas pois as comparou ao número da descendência de Abraão. Em outra passagem, Deus diz saber inclusive o número de cabelos nas cabeças dos homens:

Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados.
[Mateus 10:30]

Enxergar com a consciência divina, com 360 graus de abrangência e foco, capaz de olhar para dentro de si mesmo e dos outros, indo longe aos confins da Terra e fundo ao próprio coração dos homens, é humanamente incompreensível e impossível. A seguir duas ilustrações simples de como seria sua onisciente visão:

Nas duas figuras, a perspectiva seria o olho do Onisciente, e as setas seus olhares apontando para todas as direções, para frente e para trás, para esquerda e para a direita, tanto para dentro quanto para fora. Essa ideia vale também para o eixo Z, ou seja, seus olhares apontando para cima e para baixo, em inclinações para a esquerda e para a direita, para frente ou para trás, em todas as direções possíveis. Sem se desfocar ou se distrair, sem se cansar ou se fechar, sem nada escapando à sua observância, como um olho que tudo vê.


Da maneira como a Onisciência divina é retratada, dá a entender que Deus é um ser com milhares de olhos, de aparência inimaginável. Mas, ao contrário do que possa parecer, a Bíblia também dá uma ideia de como Ele (Deus) se parece:

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
[Gênesis 1:26]

Há alguns teóricos que dizem este versículo referir-se aos sentimentos e emoções de Deus, mas é difícil sustentar esta teoria quando duas – e não apenas uma – palavras evidenciam sua aparência por imagem e semelhança.
   
Além disso, nos primeiros versículos do evangelho de João há uma melhor compreensão, como constam a seguir:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.

[João 1:1-4]

E a ideia se complementa no versículo 14, que diz:

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.
[João 1:14]

Fazendo-se carne, Deus se fez humano, ou seja, com a aparência de ser humano – Jesus Cristo.

Concluindo, a Onisciência Divina é plena, onipresente e perfeita, infinitamente além da capacidade do pensamento humano. A visão humana jamais poderá alcançar o patamar divino, mas, em sua complexidade natural e carnal, traz consigo evidências da perfeita obra do Criador.





- Eduardo Domingues 




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