Em um momento de íntima reflexão, me veio à mente a seguinte pergunta:
como vencer a gravidade?
Observando como tudo funciona, o movimento das massas na
natureza (e mesmo as órbitas dos planetas), enxerguei como a ação equilibrada
da Vida é ajudada pela ação perpétua da Gravidade.
Mas, longe de querer tratar da beleza de nossa condição,
quero tratar aqui do opressivo peso,
essa carga que, somada à nossa consciência e nossos problemas, contribui para
nossa fatigante e inevitável miséria.
Isaac Newton (1643-1727), sendo ele um brilhante
matemático e físico, deduziu a gravidade e suas leis físicas no séc. 17. Chamada
de “lei da gravidade universal”, ele apresenta sua fórmula:
F=Gm1m2/r2
Onde:
- F = força gravitacional entre dois objetos;
- m1 = massa do primeiro objeto;
- m2 = massa do segundo objeto;
- r = distância entre os centros de massa dos objetos;
- G = constante universal da gravitação.
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/fisica
De fato, a gravidade e as leis físicas são diretamente
relacionadas, mas nem a brilhante mente de Newton deduziria que, no mundo das emoções,
dos sentimentos e das angústias da vida neste planeta, tais problemas suas
fórmulas e números jamais poderiam solucionar.
A gravidade pesa sobre a matéria e nos esmaga sobre nós
mesmos, condenando-nos ao chão. Observando a Lua, as estrelas ou os planetas,
nunca poderemos alcança-los, pelo menos não neste tempo, não importa o quanto a
gente queira.
Mas e aqui no solo, no reclino desconfortável de nossas
colunas nas mobílias da sala? A gravidade é responsável por problemas de saúde,
como nas costas e nos joelhos. A ergonometria nos orienta a andar em postura
ereta, contrariando assim a curvatura do corpo sob a ação direta da gravidade.
Aliado à opressão gravitacional, nossos corpos conspiram
ao nosso desfavor.
É conhecido que o corpo precisa de mais sangue nos
membros que ele precise usar. Por exemplo, quando ficamos irritados o coração bombeia
o sangue para nossas mãos, preparando-nos para atacar. Da mesma maneira, quando
estamos assustados o coração bombeia sangue para nossas pernas, preparando-nos
para correr. Em raríssimos casos, o medo nos compele à agressão, preparando-nos
para atacar mesmo se estivermos assustados!
E se pulássemos o mais alto que pudéssemos? Estaríamos desta
forma resistindo rebeldemente aos males deste invisível opressor?
Os praticantes de ginástica olímpica são uns verdadeiros
artistas, e suas proezas são de tirar o fôlego. O físico destes homens e
mulheres sofrem visíveis deformações com o tempo, pois o corpo é forçado a se
adaptar a esta atividade. Desta forma, vemos seus ombros ficarem mais largos
e seus braços e pernas se incharem para comportar o crescimento dos músculos.
Ossos se fortalecem e os músculos se enrijecem, e quanto
mais forte o corpo mais alto o salto. Como em uma cama elástica – mas sem a
cama elástica – estes artistas fazem suas incríveis piruetas no ar. E, no
salto, mais alto eles sobem. É desta maneira que vejo como – humanamente – podemos
resistir à gravidade.
De um tempo para cá, se popularizou na internet a teoria
de que a Terra era plana. A princípio, a teoria mostrava interessantes
argumentos que, de tão bem elaborados, até seduziam. Mas, com a ajuda dos
céticos, a teoria caía em descrédito devido ao seguinte entrave científico: ela
não conseguia vencer a gravidade.
Adotando os argumentos do canal Poligonautas, uma Terra
Plana no espaço não seria possível. A enorme massa em forma de disco se
romperia, atraindo seus pedaços e encerrando-se ao redor de si mesma pela força
universal da gravidade.
Mas e se, de maneira improvável, o enorme disco
conseguisse subsistir? As edificações do centro à periferia do disco seriam
seriamente afetadas, inclinando-se para fora quanto mais longe do centro
permanecessem.
A medicina nos informa que as neuroses (melancolia,
ansiedade, depressão etc.) provocam pesadas dores de cabeça em seus pacientes. Essas
doenças psicológicas, quando em estágio evoluído, são capazes de afetar até nossa
postura, como se de fato carregássemos um peso físico sobre nós mesmos. E a gravidade, indiferente à nossa angústia
e miséria, contribui com o peso da doença, agravando ainda mais nossa dor.
A gravidade é uma força inexorável e implacável que
se contrapõe à ideia de leveza e paz de espírito.
Falando assim, é de se imaginar que a vida seria melhor
em outro planeta onde sua ação é mais amena. Na Lua, a aceleração da gravidade
é de 1,62 m/s², bem menor do que o aproximado 9,81 m/s² da Terra. Em Marte, em comparação,
sua aceleração é de 3,71 m/s², tornando tanto a Lua quanto Marte mais favoráveis
àqueles em busca de alívio. Mas há um agravante definitivo nestes lugares: eles
são extremamente inóspitos e impossíveis de sustentar a vida.
E quanto ao espaço? Livre de toda e qualquer pressão, a
gravidade zero seria o ideal, não? Em suas missões espaciais, os astronautas são
obrigados a se exercitarem no interior da estação, senão seus músculos se atrofiam.
Em alguns casos extremos, a atrofia muscular pode condenar o paciente a uma cadeira de rodas.
Ou seja, a gravidade contribui com nosso tormento, mas
em sua ausência nos causa doença.
A banda Lebanon Hanover (da qual eu adoro) fez uma
música relatando como o mundo é frio e a gravidade é terrível. Lamentavelmente,
eu sou obrigado a concordar com eles, pois só estamos presos neste mundo frio e
nesta vida difícil porque a ação ditatorial da gravidade não nos permite partir,
nem que seja para morrer na escuridão do espaço entre as estrelas.
Não é só o peso da consciência que nos atormenta. Sob a
gravidade, nossas costas e nossos joelhos também sofrem. Sem ela, nossos
músculos adoecem. Não importa o quão alto podemos saltar, seremos sempre
arrastados de volta ao solo. Possíveis alternativas para uma vida fora da
Terra só resultaria em morte. Não há para onde ir ou o que fazer, nós estamos condenados.
Portanto, respondendo à pergunta acima, finalmente (e
tristemente) concluo o já esperado: não
se pode vencer a gravidade.
- Eduardo Redux
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