quarta-feira, 4 de julho de 2018

Como Vencer a Gravidade?


 
Em um momento de íntima reflexão, me veio à mente a seguinte pergunta: como vencer a gravidade? 

Observando como tudo funciona, o movimento das massas na natureza (e mesmo as órbitas dos planetas), enxerguei como a ação equilibrada da Vida é ajudada pela ação perpétua da Gravidade.

Mas, longe de querer tratar da beleza de nossa condição, quero tratar aqui do opressivo peso, essa carga que, somada à nossa consciência e nossos problemas, contribui para nossa fatigante e inevitável miséria.

Isaac Newton (1643-1727), sendo ele um brilhante matemático e físico, deduziu a gravidade e suas leis físicas no séc. 17. Chamada de “lei da gravidade universal”, ele apresenta sua fórmula:

F=Gm1m2/r2

Onde:
  • F = força gravitacional entre dois objetos;
  • m1 = massa do primeiro objeto;
  • m2 = massa do segundo objeto;
  • r = distância entre os centros de massa dos objetos;
  • G = constante universal da gravitação.

Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/fisica

De fato, a gravidade e as leis físicas são diretamente relacionadas, mas nem a brilhante mente de Newton deduziria que, no mundo das emoções, dos sentimentos e das angústias da vida neste planeta, tais problemas suas fórmulas e números jamais poderiam solucionar.

A gravidade pesa sobre a matéria e nos esmaga sobre nós mesmos, condenando-nos ao chão. Observando a Lua, as estrelas ou os planetas, nunca poderemos alcança-los, pelo menos não neste tempo, não importa o quanto a gente queira.

Mas e aqui no solo, no reclino desconfortável de nossas colunas nas mobílias da sala? A gravidade é responsável por problemas de saúde, como nas costas e nos joelhos. A ergonometria nos orienta a andar em postura ereta, contrariando assim a curvatura do corpo sob a ação direta da gravidade.

Os obesos sofrem com a gravidade também, pois mesmo os ossos de seus joelhos se desgastam com sua ação contínua. Seguindo este raciocínio, os mais magros estariam a salvo deste mal? Certamente que não, pois há aqueles que são deficientes de massa muscular, ocasionando em seus corpos uma fraqueza patológica que os impede até mesmo de ficarem em pé.

Aliado à opressão gravitacional, nossos corpos conspiram ao nosso desfavor.

É conhecido que o corpo precisa de mais sangue nos membros que ele precise usar. Por exemplo, quando ficamos irritados o coração bombeia o sangue para nossas mãos, preparando-nos para atacar. Da mesma maneira, quando estamos assustados o coração bombeia sangue para nossas pernas, preparando-nos para correr. Em raríssimos casos, o medo nos compele à agressão, preparando-nos para atacar mesmo se estivermos assustados!

E se pulássemos o mais alto que pudéssemos? Estaríamos desta forma resistindo rebeldemente aos males deste invisível opressor?

Os praticantes de ginástica olímpica são uns verdadeiros artistas, e suas proezas são de tirar o fôlego. O físico destes homens e mulheres sofrem visíveis deformações com o tempo, pois o corpo é forçado a se adaptar a esta atividade. Desta forma, vemos seus ombros ficarem mais largos e seus braços e pernas se incharem para comportar o crescimento dos músculos.

Ossos se fortalecem e os músculos se enrijecem, e quanto mais forte o corpo mais alto o salto. Como em uma cama elástica – mas sem a cama elástica – estes artistas fazem suas incríveis piruetas no ar. E, no salto, mais alto eles sobem. É desta maneira que vejo como – humanamente – podemos resistir à gravidade.  

 
De um tempo para cá, se popularizou na internet a teoria de que a Terra era plana. A princípio, a teoria mostrava interessantes argumentos que, de tão bem elaborados, até seduziam. Mas, com a ajuda dos céticos, a teoria caía em descrédito devido ao seguinte entrave científico: ela não conseguia vencer a gravidade.    

Adotando os argumentos do canal Poligonautas, uma Terra Plana no espaço não seria possível. A enorme massa em forma de disco se romperia, atraindo seus pedaços e encerrando-se ao redor de si mesma pela força universal da gravidade.

Mas e se, de maneira improvável, o enorme disco conseguisse subsistir? As edificações do centro à periferia do disco seriam seriamente afetadas, inclinando-se para fora quanto mais longe do centro permanecessem.
A medicina nos informa que as neuroses (melancolia, ansiedade, depressão etc.) provocam pesadas dores de cabeça em seus pacientes. Essas doenças psicológicas, quando em estágio evoluído, são capazes de afetar até nossa postura, como se de fato carregássemos um peso físico sobre nós mesmos. E a gravidade, indiferente à nossa angústia e miséria, contribui com o peso da doença, agravando ainda mais nossa dor.

A gravidade é uma força inexorável e implacável que se contrapõe à ideia de leveza e paz de espírito.


Falando assim, é de se imaginar que a vida seria melhor em outro planeta onde sua ação é mais amena. Na Lua, a aceleração da gravidade é de 1,62 m/s², bem menor do que o aproximado 9,81 m/s² da Terra. Em Marte, em comparação, sua aceleração é de 3,71 m/s², tornando tanto a Lua quanto Marte mais favoráveis àqueles em busca de alívio. Mas há um agravante definitivo nestes lugares: eles são extremamente inóspitos e impossíveis de sustentar a vida.

E quanto ao espaço? Livre de toda e qualquer pressão, a gravidade zero seria o ideal, não? Em suas missões espaciais, os astronautas são obrigados a se exercitarem no interior da estação, senão seus músculos se atrofiam. Em alguns casos extremos, a atrofia muscular pode condenar o paciente a uma cadeira de rodas.

Ou seja, a gravidade contribui com nosso tormento, mas em sua ausência nos causa doença.


A banda Lebanon Hanover (da qual eu adoro) fez uma música relatando como o mundo é frio e a gravidade é terrível. Lamentavelmente, eu sou obrigado a concordar com eles, pois só estamos presos neste mundo frio e nesta vida difícil porque a ação ditatorial da gravidade não nos permite partir, nem que seja para morrer na escuridão do espaço entre as estrelas.


Não é só o peso da consciência que nos atormenta. Sob a gravidade, nossas costas e nossos joelhos também sofrem. Sem ela, nossos músculos adoecem. Não importa o quão alto podemos saltar, seremos sempre arrastados de volta ao solo. Possíveis alternativas para uma vida fora da Terra só resultaria em morte. Não há para onde ir ou o que fazer, nós estamos condenados.

Portanto, respondendo à pergunta acima, finalmente (e tristemente) concluo o já esperado: não se pode vencer a gravidade.



- Eduardo Redux



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