As Mulheres na Bíblia - Parte 1 - Débora

 

Esta série tem por objetivo mostrar algumas das mulheres mais corajosas, batalhadoras e influentes na Bíblia. De que forma elas influenciaram na sociedade? Ao analisarmos o contexto histórico da qual elas estavam inseridas, a Bíblia relata que nem todas viviam em servidão aos seus homens e maridos. De fato, na recente cultura hebraica (e posteriormente samaritana e judaica), as mulheres viverem oprimidas por seus homens estava longe de ser regra.  

Iniciando este estudo, conto a história de Débora, uma das juízas do conturbado período pré-monárquico de Israel. Débora foi um verdadeiro exemplo de fé, liderança e, evidentemente, empoderamento. Mas, primeiro temos que entender do que se tratava o cargo de juiz.   

Juízes eram os líderes militares e civis de Israel. Naquele tempo, a Bíblia diz que “não havia rei em Israel; cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21:25). Desta maneira, as tribos constantemente caiam em pecado, sofrendo penosos castigos e sendo obrigadas a voltar de seus maus caminhos e clamar ao Senhor por libertação. E assim surgiu Débora, a juíza, profetisa e esposa em Israel (Jz 4:4).

Débora vem da palavra hebraica Dheboráh, que significa abelha, mas também pode ser o anagrama dibberah, significando “ela falou”. Em ambos os casos, Débora foi a abelha-rainha (juíza) que exortou Israel a ter fé no Senhor (profetisa). Desta maneira, Débora não tinha apenas o cargo máximo daquele período, mas era também profetisa, sendo assim uma mulher de dupla honra.

No tempo de Débora, Israel tornou a se desviar de Deus, prevaricando a Lei (Torá) e adorando a outros deuses. Débora, porém, julgava o povo segundo a lei de Moisés, ensinando debaixo de algumas palmeiras:

4. E Débora, mulher profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo.
5. Ela assentava-se debaixo das palmeiras de Débora, entre Ramá e Betel, nas montanhas de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ela a juízo.
Juízes 4:5

  

O versículo 5 nos dá a entender que Débora era efraimita, pois vivia nas montanhas de Efraim, uma região herdada aos descendentes desta tribo no centro da Terra Prometida.  

Por Israel ter pecado contra o Senhor, eles são castigados com dura servidão sob um rei cananeu chamado Jabim. O rei vivia em Hazor e o comandante de seu exército chamava-se Sísera, um homem mau que oprimia violentamente os israelitas (Jz 4:2 e 3). Sísera exercia sua opressão com sua admirável máquina de guerra: novecentos carros de ferro feitas para o combate.

Os israelitas clamam por libertação, então Débora manda chamar a Baraque, comandante do exército israelita. A juíza lhe ordena que ele leve dez mil homens ao monte Tabor, uma região estratégica no vale de Jizreel, pois o Senhor o havia prometido que o daria a vida do cruel Sísera, comandante do exército cananeu (Jz 4:6 e 7).  

7. E atrairei a ti para o ribeiro de Quisom, a Sísera, capitão do exército de Jabim, com os seus carros, e com a sua multidão; e o darei na tua mão.
Juízes 4:7

Baraque temeu, e isto lhe ocasionou outra profecia:

8. Então lhe disse Baraque: Se fores comigo, irei; porém, se não fores comigo, não irei.
9. E disse ela: Certamente irei contigo, porém não será tua a honra da jornada que empreenderes; pois à mão de uma mulher o Senhor entregará a Sísera. E Débora se levantou, e partiu com Baraque para Quedes.
Juízes 4:8-9

  

Aqui há uma controvérsia por parte dos teólogos. Alguns dizem que Baraque hesitou devido à impressionante frota de carros de Sísera. Outros dizem que a presença da profetisa Débora era um símbolo de que o Senhor os acompanhava à batalha. A Bíblia de Estudo diz:

“A hesitação de Baraque em partir para batalha sem Débora mostrou uma falta de confiança no Senhor. Em consequência, a honra da vitória sobre Sísera, conforme a palavra profética de Débora, seria atribuída a uma mulher. No entanto, Baraque é mencionado como um dos heróis da fé (Hb 11:32)”.  

Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, pág. 253, nota 4:8-9.

Entretanto, o site abiblia.org diz:

“Os leitores ficam muitas vezes incomodados pela relutância de Baraque em não querer ir sem Débora, declarando que sua hesitação torna "menos viril" ou macula a sua glória. Mas Baraque tem boas razões para estar inseguro: Jabim, afinal, tem novecentos carros! Além disso, os profetas desempenhar vários papéis em batalhas: eles reúnem e inspiram as tropas, e também declaram o tempo correto, auspicioso para começar. Os profetas são uma presença tão importante na batalha que Elias e Eliseu são chamados de ‘carruagem e cabalaria de Israel’”.

Fonte: http://www.abiblia.org/ver.php?id=3551

10. Então Baraque convocou a Zebulom e a Naftali em Quedes, e subiu com dez mil homens após ele; e Débora subiu com ele.
11. E Héber, queneu, se tinha apartado dos queneus, dos filhos de Hobabe, sogro de Moisés; e tinha estendido as suas tendas até ao carvalho de Zaanaim, que está junto a Quedes.
Juízes 4:10-11

Aqui é necessário entender quem eram os queneus. A Bíblia de Estudo Plenitude nos fornece uma resolução:

“Héber, o queneu, migrou para o Norte com sua esposa Jael, partindo do Neguebe, a região Sul da Palestina, e tornou-se um aliado do rei Jabim (v. 17). Por outro lado, Jael não compartilhava da fidelidade do seu marido. Quando ela matou Sísera (vs. 21-22), Jael demonstrou a sua fidelidade à aliança dos queneus com os israelitas, que existia desde o tempo de Moisés. Hobabe é mais conhecido como Jetro (Ex 3:1)”.

Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, pág. 253, nota 4:11.

13. E Sísera convocou todos os seus carros, novecentos carros de ferro, e todo o povo que estava com ele, desde Harosete dos gentios até ao ribeiro de Quisom.
14. Então disse Débora a Baraque: Levanta-te, porque este é o dia em que o Senhor tem dado a Sísera na tua mão; porventura o Senhor não saiu adiante de ti? Baraque, pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele.
15. E o Senhor derrotou a Sísera, e a todos os seus carros, e a todo o seu exército ao fio da espada, diante de Baraque; e Sísera desceu do carro, e fugiu a pé.
16. E Baraque perseguiu os carros, e o exército, até Harosete dos gentios; e todo o exército de Sísera caiu ao fio da espada, até não ficar um só.
Juízes 4:13-16

A vitória havia sido sobrenatural, pois Deus havia operado um milagre no vale do ribeiro de Quisom. A seguir, a explicação:

“O ribeiro de Quisom corre pela planície de Esdraelom e pelo vale de Jezreel. Com frequência, ele inunda boa parte do vale na estação das chuvas. Sísera escolheu sabiamente essa área situada ao longo do rio, porque ele tinha condições de mover livremente as suas carruagens. No entanto, o Senhor enviou uma tempestade e inundação que arrastaram as forças de Sísera, sendo eles assim derrotados”.

Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, pág. 252, nota 4:7.

17. Porém Sísera fugiu a pé à tenda de Jael, mulher de Héber, queneu; porquanto havia paz entre Jabim, rei de Hazor, e a casa de Héber, queneu.

O comandante Sísera confiou que os queneus iriam honrar sua aliança com o rei de Canaã. O que ele não contou era que Deus é quem ia adiante da vitória de Israel.

18. E Jael saiu ao encontro de Sísera, e disse-lhe: Entra, senhor meu, entra aqui, não temas. Ele entrou na sua tenda, e ela o cobriu com uma coberta.
19. Então ele lhe disse: Dá-me, peço-te, de beber um pouco de água, porque tenho sede. Então ela abriu um odre de leite, e deu-lhe de beber, e o cobriu.

Oferecer leite a um visitante era sinal de hospitalidade.

20. E ele lhe disse: Põe-te à porta da tenda; e há de ser que se alguém vier e te perguntar: Há aqui alguém? Responderás então: Não.
21. Então Jael, mulher de Héber, tomou uma estaca da tenda, e lançou mão de um martelo, e chegou-se mansamente a ele, e lhe cravou a estaca na fonte, de sorte que penetrou na terra, estando ele, porém, num profundo sono, e já muito cansado; e assim morreu.

Neste momento se cumpre a profecia de Débora, ao dizer que a honra de matar Sísera não seria de Baraque, mas de uma mulher (v. 9).

22. E eis que, seguindo Baraque a Sísera, Jael lhe saiu ao encontro, e disse-lhe: Vem, e mostrar-te-ei o homem que buscas. E foi a ela, e eis que Sísera jazia morto, com a estaca na fonte.
23. Assim Deus naquele dia sujeitou a Jabim, rei de Canaã, diante dos filhos de Israel.
24. E continuou a mão dos filhos de Israel a pesar e a endurecer-se sobre Jabim, rei de Canaã; até que exterminaram a Jabim, rei de Canaã.
Juízes 4:17-24

E assim termina a batalha pela libertação de Israel, com uma milagrosa vitória sobre os cananeus e seu rei.

Em seguida a Bíblia relata o cântico de Débora, e do comandante do exército israelita, Baraque. Apesar de relatado a participação de Baraque, o cântico é tradicionalmente atribuído apenas à Débora. A seguir, o cântico em forma resumida:

6. Nos dias de Sangar, filho de Anate, nos dias de Jael cessaram os caminhos; e os que andavam por veredas iam por caminhos tortuosos.
7. Cessaram as aldeias em Israel, cessaram; até que eu, Débora, me levantei, por mãe em Israel me levantei.

No versículo 7 fica claro que Débora não era apenas juíza e profetisa, mas também uma mãe.

8. E se escolhia deuses novos, logo a guerra estava às portas; via-se por isso escudo ou lança entre quarenta mil em Israel?

Adorar a outros deuses é abominação e provoca a ira do Senhor, trazendo punição ao povo, como de fato aconteceu (Jz 4:2).

12. Desperta, desperta, Débora, desperta, desperta, entoa um cântico; levanta-te, Baraque, e leva presos os teus cativos, tu, filho de Abinoão.
13. Então fez dominar sobre os nobres entre o povo, aos que restaram; fez-me o Senhor dominar sobre os poderosos.

A respeitável juíza recebe ainda mais poder, para que julgasse sobre os nobres e poderosos em Israel.

14. De Efraim saiu a sua raiz contra Amaleque; e depois de ti vinha Benjamim dentre os teus povos; de Maquir desceram os legisladores, e de Zebulom os que levaram a cana do escriba.
15. Também os principais de Issacar foram com Débora; e como Issacar, assim também Baraque, foi enviado a pé para o vale; nas divisões de Rúben foram grandes as resoluções do coração.
16. Por que ficaste tu entre os currais para ouvires os balidos dos rebanhos? Nas divisões de Rúben tiveram grandes esquadrinhações do coração.
17. Gileade ficou além do Jordão, e Dã por que se deteve nos navios? Aser se assentou na beira dos mares, e ficou junto às suas baías.
18. Zebulom é um povo que expôs a sua vida à morte, como também Naftali, nas alturas do campo.

Ao ordenar que Baraque convocasse um exército, algumas tribos desobedeceram a ordem. Débora abençoa as tribos que compareceram à batalha (Efraim, Benjamim, Zebulom, Issacar e Naftali) e reprova aquelas que faltaram ao dever (Rúben, Gade, Dã e Aser).

19. Vieram reis, pelejaram; então pelejaram os reis de Canaã em Taanaque, junto às águas de Megido; não tomaram despojo de prata.
20. Desde os céus pelejaram; até as estrelas desde os lugares dos seus cursos pelejaram contra Sísera.

Quanto a estes curiosos versículos, a Bíblia de Estudo Plenitude diz:

“A expressão aqui não significa que as estrelas causaram as chuvas, porém que o Senhor interveio nesta batalha ao enviar uma chuva torrencial. Em certos casos nas Escrituras, ‘estrelas’ pode referir-se a mensageiros angelicais (por exemplo Jó 38:7)”.

Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, pág. 254, nota 5:20.

21. O ribeiro de Quisom os arrastou, aquele antigo ribeiro, o ribeiro de Quisom. Pisaste, ó minha alma, à força.
22. Então os cascos dos cavalos se despedaçaram; pelo galopar, o galopar dos seus valentes.

Os poderosos carros de ferro de Sísera, símbolo de seu poder, foram arrastados e despedaçados pelo ribeiro, tornando-se inúteis.

 
24. Bendita seja entre as mulheres, Jael, mulher de Héber, o queneu; bendita seja entre as mulheres nas tendas.
25. Água pediu ele, leite lhe deu ela; em prato de nobres lhe ofereceu manteiga.
26. À estaca estendeu a sua mão esquerda, e ao martelo dos trabalhadores a sua direita; e matou a Sísera, e rachou-lhe a cabeça, quando lhe pregou e atravessou as fontes.
27. Entre os seus pés se encurvou, caiu, ficou estirado; entre os seus pés se encurvou, caiu; onde se encurvou, ali ficou abatido.

Este sangrento relato refere-se à morte de Sísera, morrendo aos pés de Jael e, assim, libertando Israel.

28. A mãe de Sísera olhava pela janela, e exclamava pela grade: Por que tarda em vir o seu carro? Por que se demoram os ruídos dos seus carros?
29. As mais sábias das suas damas responderam; e até ela respondia a si mesma:
30. Porventura não achariam e repartiriam despojos? Uma ou duas moças a cada homem? Para Sísera despojos de estofos coloridos, despojos de estofos coloridos bordados; de estofos coloridos bordados de ambos os lados como despojo para os pescoços.

Talvez por instinto materno, Débora parece se importar com a mãe de Sísera. Apesar da inimizade das nações beligerantes, ela ainda conservava os sentimentos de mãe.

31. Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que te amam sejam como o sol quando sai na sua força.

Débora, no papel de profetisa, declara seu amor ao único e verdadeiro Deus.

Juízes 5:6-31

Concluindo, Débora nos ensina que Deus honra aqueles que O horam, não importando o gênero da pessoa, mas sim a obediência e amor ao Senhor. Que esta mulher seja exemplo para as mulheres cristãs, e exemplo para os homens cristãos também, ao reconhecerem o agir do Senhor nas mulheres, como Baraque reconheceu em Débora.

Assim como Débora, que Deus abençoe a todas as mulheres que servem ao Senhor!

- Eduardo Redux

 

A Terra Prometida - Parte 11 - A Partida Para o Cativeiro

Este texto tem por objetivo continuar a história dos reis de Judá, finalizando-a na partida dos israelitas para o cativeiro babilônico.

De todos os reis de Judá, talvez o mais admirável foi Ezequias. Apesar de Acaz, seu pai, ter sido um idólatra, Ezequias não segue seu exemplo e restabelece o culto ao Senhor.

4. Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã.
5. No Senhor Deus de Israel confiou, de maneira que depois dele não houve quem lhe fosse semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele.
6. Porque se chegou ao Senhor, não se apartou dele, e guardou os mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés.
2 Reis 18:4-6

É neste mesmo período que os assírios invadem Israel, conquistando Samaria e deportando o povo para o oriente. Judá também estava sendo invadida e conquistada, e estes dois fatores fizeram o rei se apavorar. A princípio ele resiste aos assírios, recusando-lhes a pagar tributos, mas ao ver o ímpeto e violência do poderoso rei da Assíria, ele se arrepende e volta atrás (2 Rs 18:13-16). Contudo, ainda assim os assírios viriam à Jerusalém, parando às suas portas para toma-la.

Este episódio ficou conhecido pela famosa resposta de Rabsaqué, servo do rei da Assíria, dada aos servos de Ezequias, quando estes o pediram para falar a língua aramaica e assim não amedrontar os habitantes de Jerusalém que observavam tudo dos muros:

27. Porém Rabsaqué lhes disse: Porventura mandou-me meu senhor somente a teu senhor e a ti, para falar estas palavras e não antes aos homens, que estão sentados em cima do muro, para que juntamente convosco comam o seu excremento e bebam a sua urina?
2 Reis 18:27

O rei temeu muito a ponto de rasgar suas vestes e vestir-se de pano de saco, simbolizando humilhação e luto. Então, ao enviar seus servos ao profeta Isaías, ele o responde:

6. E Isaías lhes disse: Assim direis a vosso senhor: Assim diz o SENHOR: Não temas as palavras que ouviste, com as quais os servos do rei da Assíria me blasfemaram.
7. Eis que porei nele um espírito, e ele ouvirá um rumor, e voltará para a sua terra; à espada o farei cair na sua terra.
2 Reis 19:6-7

A resposta viria mais tarde, com a profecia se cumprindo à risca. No versículo 35 diz:

35. Sucedeu, pois, que naquela mesma noite saiu o anjo do Senhor, e feriu no arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil deles; e, levantando-se pela manhã cedo, eis que todos eram cadáveres.
36. Então Senaqueribe, rei da Assíria, partiu, e se foi, e voltou e ficou em Nínive.
37. E sucedeu que, estando ele prostrado na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque e Sarezer, seus filhos, o feriram à espada; porém eles escaparam para a terra de Ararate; e Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.
2 Reis 19:35-37

Este milagre ficaria amplamente conhecido, quando apenas um anjo do Senhor extermina cento e oitenta e cinco mil homens do exército da Assíria.

Mais adiante na história de Ezequias, mais dois milagres igualmente grandes aconteceriam. O rei adoece, supostamente de uma úlcera, e o profeta Isaías lhe diz que ele morreria. Mas, ao orar em grande tristeza, Deus lhe acrescenta mais quinze anos de vida (2 Rs20:6). Além disso, o rei ainda testemunha um dos maiores milagres já vistos no Velho Testamento. Eles veem o tempo voltar!

8. E Ezequias disse a Isaías: Qual é o sinal de que o Senhor me sarará, e de que ao terceiro dia subirei à casa do Senhor?
9. Disse Isaías: Isto te será sinal, da parte do Senhor, de que o Senhor cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-á a sombra dez graus, ou voltará dez graus atrás?
10. Então disse Ezequias: É fácil que a sombra decline dez graus; não seja assim, mas volte a sombra dez graus atrás.
11. Então o profeta Isaías clamou ao Senhor; e fez voltar a sombra dez graus atrás, pelos graus que tinha declinado no relógio de sol de Acaz.
2 Reis 20:8-11

Quanto a este assombroso acontecimento, a Bíblia de Estudo Plenitude diz:

“Um sinal milagroso e pouco comum foi dado a Ezequias para assegura-lo da sua recuperação. Uma escada, que funcionava como relógio de sol, havia sido construída durante o reinado de Acaz. Como evidência de que Ezequias seria curado, Deus fez com que a sombra projetada por esse relógio de sol recuasse dez graus (dez passos). Alguns estudiosos têm sugerido que esse milagre compensa, de alguma forma o longo dia de Josué (Js 10:12-14)”.

Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, nota 28:8-11, pag. 401.

    

Finalizando sua incrível história, Ezequias comete o erro de mostrar todo o seu tesouro aos embaixadores da Babilônia. Isaías, ao ver aquilo tudo, indigna-se e, inspirado pela palavra do Senhor, lhe diz:

17. Eis que vêm dias em que tudo quanto houver em tua casa, e o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o SENHOR.
18. E ainda até de teus filhos, que procederem de ti, e que tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no paço do rei da Babilônia.
2 Reis 20:17-18

Esta, talvez, foi a primeira revelação do cativeiro na Babilônia, profetizada mais de cem anos antes.

Apesar da dura palavra contra o reino, Ezequias não se aborrece. Ao invés, ele agradece ao profeta, elogiando a palavra vinda do Senhor. O rei morre anos mais tarde, tendo reinado por vinte e nove anos em Jerusalém.

Porém Manassés, seu filho e sucessor, pecou gravemente contra o Senhor, não se assemelhando em nada com seu pai.

2. E fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme as abominações dos gentios que o Senhor expulsara de suas possessões, de diante dos filhos de Israel.
3. Porque tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez um bosque como o que fizera Acabe, rei de Israel, e se inclinou diante de todo o exército dos céus, e os serviu.
4. E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha falado: Em Jerusalém porei o meu nome.
5. Também edificou altares a todo o exército dos céus em ambos os átrios da casa do Senhor.
6. E até fez passar a seu filho pelo fogo, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e ordenou adivinhos e feiticeiros; e prosseguiu em fazer o que era mau aos olhos do Senhor, para o provocar à ira.
2 Reis 21:2-6

Manassés também foi repreendido duramente, mas não viveria para ver a terrível profecia contra seu reino se cumprir. Amom, seu filho e sucessor, pecou igualmente, seguindo o exemplo de seu pai. O rei Amom foi assassinado em uma conspiração, tendo reinado por apenas dois anos (2 Rs 21:23).

Josias, filho de Amom, com apenas oito anos assumiu o trono. Diferente de seu pai e de seu avô, ele foi um bom rei, como diz a seguir:

2. E fez o que era reto aos olhos do Senhor; e andou em todo o caminho de Davi, seu pai, e não se apartou dele nem para a direita nem para a esquerda.
2 Reis 22:2

Diz a palavra que o rei Josias, ao ouvir o sumo sacerdote ler o livro da Lei, rasga suas vestes e manda seus servos consultarem ao Senhor. Desta vez uma profetiza mulher, de nome Hulda, o responde:

19. Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor, quando ouviste o que falei contra este lugar, e contra os seus moradores, que seria para assolação e para maldição, e que rasgaste as tuas vestes, e choraste perante mim, também eu te ouvi, diz o Senhor.
20. Por isso eis que eu te recolherei a teus pais, e tu serás recolhido em paz à tua sepultura, e os teus olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar. Então tornaram a trazer ao rei a resposta.
2 Reis 22:19-20

Josias teria reinado por trinta e um anos, sendo reconhecido por reparar o templo de Jerusalém, limpar Judá dos cultos idólatras e derrubar o falso altar de Betel. A Bíblia o honrou de tal maneira que está escrito a seu respeito:

25. E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, com toda a sua alma e com todas as suas forças, conforme toda a lei de Moisés; e depois dele nunca se levantou outro tal.
2 Reis 23:25

A partir daqui mais três reis governariam Judá. Jeoacaz, o sucessor de Josias, peca contra Deus, trazendo castigo sobre si. O novo rei foi deposto e preso pelo faraó do Egito (2 Rs 23:33), sendo substituído por Jeoaquim, do qual reinou por onze anos (2 Rs 23:36).  

O sucessor, de nome semelhante ao pai, Joaquim assume o trono. Neste tempo a Babilônia se torna um império na região, estendendo-se do Eufrates ao Egito (2 Rs 24:7). Devido aos maus caminhos do rei, os babilônios – sob o comando do rei Nebucodonozor – guerreiam contra Jerusalém, cercando-a. Neste momento começa o lúgubre período da história judaica conhecido como o Cativeiro.

14. E transportou a toda a Jerusalém como também a todos os príncipes, e a todos os homens valorosos, dez mil presos, e a todos os artífices e ferreiros; ninguém ficou senão o povo pobre da terra.
15. Assim transportou Joaquim à Babilônia; como também a mãe do rei, as mulheres do rei, os seus oficiais e os poderosos da terra levou presos de Jerusalém à Babilônia.
2 Reis 24:14-15

Porém, o terrível juízo divino estava apenas começando.

Ao prender e depor o rei Joaquim, Nebucodonozor estabelece Matanias, tio de Joaquim, como rei de Jerusalém, mudando seu nome para Zedequias. O novo rei ainda reina por onze anos, mas procede mau aos olhos do Senhor.

Após se revoltar contra o império babilônico, Nabucodonozor retorna para Jerusalém e a sitia por dois anos. O rei ainda tenta fugir pelo campo, mas é capturado nos arredores de Jericó. Então acontece o terrível castigo sobre o rei, como consta na Bíblia a seguir:

6. E tomaram o rei, e o fizeram subir ao rei de Babilônia, a Ribla; e foi-lhe pronunciada a sentença.
7. E aos filhos de Zedequias mataram diante dos seus olhos; e vazaram os olhos de Zedequias, e o ataram com duas cadeias de bronze, e o levaram a Babilônia.

E então se realiza a fatídica profecia, com a destruição da cidade e o templo de Jerusalém:

8. E no quinto mês, no sétimo dia do mês (este era o ano décimo nono de Nabucodonosor, rei de babilônia), veio Nebuzaradã, capitão da guarda, servo do rei de Babilônia, a Jerusalém.
9. E queimou a casa do Senhor e a casa do rei, como também todas as casas de Jerusalém, e todas as casas dos grandes queimou.
10. E todo o exército dos caldeus, que estava com o capitão da guarda, derrubou os muros em redor de Jerusalém.
11. E o mais do povo que deixaram ficar na cidade, os rebeldes que se renderam ao rei de Babilônia e o mais da multidão, Nebuzaradã, o capitão da guarda, levou presos.
12. Porém dos mais pobres da terra deixou o capitão da guarda ficar alguns para vinheiros e para lavradores.
2 Reis 25:6-12

 

Este foi o triste fim do reino de Judá, tendo a cidade santa de Jerusalém devastada pelo inexoráveis babilônios. Mas esta grande destruição não veio sem aviso. No livro de Jeremias há algumas exortações ao arrependimento, a seguir:

4. Porquanto me deixaram e alienaram este lugar, e nele queimaram incenso a outros deuses, que nunca conheceram, nem eles nem seus pais, nem os reis de Judá; e encheram este lugar de sangue de inocentes.
Jeremias 19:4

9. E lhes farei comer a carne de seus filhos e a carne de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu amigo, no cerco e no aperto em que os apertarão os seus inimigos, e os que buscam a vida deles.
Jeremias 19:9

15. Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Eis que trarei sobre esta cidade, e sobre todas as suas vilas, todo o mal que pronunciei contra ela, porquanto endureceram a sua cerviz, para não ouvirem as minhas palavras.
Jeremias 19:15

Mas, infelizmente, suas profecias jamais foram ouvidas.

No ano de 597 a.C. teve início o primeiro cativeiro, e no ano de 586 a.C. Jerusalém finalmente caiu, iniciando o cativeiro babilônico e encerrando o reino de Judá temporariamente.

A seguir uma lista simplificada dos reis de Judá, extraída da página Wikipedia.

Data de Albright	Nome bíblico	Notas
922-915	Roboão
915-913	Abias
913-873	Asa
873-849	Jeosafá
849-842	Jorão	Assassinado
842-842	Acazias	Morto por Jeú, rei de Israel
842-837	Atália	Assassinada
837-800	Joás	Assassinado
800-783	Amazias	Assassinado
783-742	Uzias	Assassinado
742-735	Jotão
735-715	Acaz
715-687	Ezequias
687-642	Manassés
642-640	Amom	Assassinado
640-609	Josias	Morreu em batalha
609	Jeoacaz	Deposto pelo faraó Neco II
609-598	Jeoaquim
598	Joaquim	Deposto pelos babilônios
597-587	Zedequias	Último rei de Judá. Deposto e levado para o Exílio

Continua na Parte 12