sexta-feira, 2 de março de 2018

A Terra Prometida - Parte 8 - A Divisão do Reino de Israel e Judá



 

Para melhor compreensão, este estudo terá notas técnicas extraídas da Bíblia de Estudo Plenitude.

Tradicionalmente, é conhecido que o reino unido de Israel e Judá foi dividido devido aos pecados de idolatria do rei Salomão (1 Rs 11). Deus o castiga suscitando adversários contra ele (1 Rs 11:14-25) e envia o profeta Aías para ter com Jeroboão, prometendo-lhe o reinado sobre as tribos do norte. O livro de Reis diz:

26. Até Jeroboão, filho de Nebate, efrateu, de Zereda, servo de Salomão (cuja mãe era mulher viúva, por nome Zerua), também levantou a mão contra o rei.
27. E esta foi a causa por que levantou a mão contra o rei: Salomão tinha edificado a Milo, e cerrou as aberturas da cidade de Davi, seu pai.
28. E o homem Jeroboão era forte e valente; e vendo Salomão a este jovem, que era laborioso, ele o pôs sobre todo o cargo da casa de José.

Jeroboão é descrito na Bíblia como homem jovem, forte e valente. Deus o escolheria para reinar sobre o futuro reino do norte. Provavelmente as medidas impostas por Salomão no versículo 28 o faria se revoltar contra o rei. Em outra tradução bíblica, o “cargo” da casa de José está traduzido como “trabalho forçado” (v. 28). Aparentemente este penoso cargo oprimia as tribos do norte, causando-lhes insatisfação e grande indignação.

29. Sucedeu, pois, naquele tempo que, saindo Jeroboão de Jerusalém, o profeta Aías, o silonita, o encontrou no caminho, e ele estava vestido com uma roupa nova, e os dois estavam sós no campo.
30. E Aías pegou na roupa nova que tinha sobre si, e a rasgou em doze pedaços.
31. E disse a Jeroboão: Toma para ti os dez pedaços, porque assim diz o Senhor Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino da mão de Salomão, e a ti darei as dez tribos.

A roupa nova também quer dizer capa, conforme outras traduções bíblicas. A Bíblia de Estudo Plenitude diz:

“Numa profecia esclarecedora, Aías rasga uma capa nova em doze partes (v. 30), a fim de fazer uma demonstração visível de como Deus rasgaria o reino de Salomão. Dez peças (vs. 31 e 35) foram dadas a Jeroboão e representavam as dez tribos do Norte (a Israel dos vs. 37-38). Duas partes seriam deixadas para Salomão e representavam as tribos de Judá e Benjamim. Benjamim foi assimilada por Judá, de forma que as duas passaram, frequentemente, a ser consideradas uma tribo (vs. 33 e 36), chamada ‘Judá’”.
Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, nota 11.29-39, pág. 361.


32. Porém ele terá uma tribo, por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, a cidade que escolhi de todas as tribos de Israel.

Aqui Deus mantém sua promessa a Davi, prometendo-lhe um trono eterno e conservando sua habitação divina e terrena na cidade de Jerusalém (2 Sm 7). 

33. Porque me deixaram, e se encurvaram a Astarote, deusa dos sidônios, a Quemós, deus dos moabitas, e a Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andaram pelos meus caminhos, para fazerem o que é reto aos meus olhos, a saber, os meus estatutos e os meus juízos, como Davi, seu pai.

Deus explica a razão de seu juízo sobre o reino. A idolatria e a adoração a deuses estranhos sempre foram uma abominação perante Deus.

34. Porém não tomarei nada deste reino da sua mão; mas por príncipe o ponho por todos os dias da sua vida, por amor de Davi, meu servo, a quem escolhi, o qual guardou os meus mandamentos e os meus estatutos.
35. Mas da mão de seu filho tomarei o reino, e darei a ti, as dez tribos dele.

Salomão perderia a integridade de seu reino, tendo-o repartido e dividido entre norte e sul. Jeroboão ficaria com as dez tribos do norte e Roboão com as duas tribos do sul.

36. E a seu filho darei uma tribo; para que Davi, meu servo, sempre tenha uma lâmpada diante de mim em Jerusalém, a cidade que escolhi para pôr ali o meu nome.

Sobre este versículo a bíblia de estudo Plenitude diz:

“Este é um comentário esclarecedor sobre o fato de que Deus honra as promessas feitas a uma pessoa, mesmo depois de terminada sua passagem pela terra. Embora Davi já tivesse partido, Deus honrou o seu compromisso com ele”.
Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, nota 11.36, pág. 361.

Ainda sobre este versículo, a Bíblia diz que Deus deu uma tribo ao filho de Salomão. Geograficamente eram ao todo três, Judá, Benjamim e Simeão. Com o passar do tempo Benjamim foi assimilada à Judá, mas Simeão, por outro lado, foi totalmente absorvida pelos judeus, não tendo mais relevância nas escrituras.

37. E te tomarei, e reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma; e serás rei sobre Israel.
38. E há de ser que, se ouvires tudo o que eu te mandar, e andares pelos meus caminhos, e fizeres o que é reto aos meus olhos, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como fez Davi, meu servo, eu serei contigo, e te edificarei uma casa firme, como edifiquei a Davi, e te darei Israel.
39. E por isso afligirei a descendência de Davi; todavia não para sempre.

A única condição que Jeroboão teria de seguir para consolidar seu reino seria obedecer aos estatutos e mandamentos do Senhor. Mas, como veremos futuramente, obediência ao Deus vivo passou bem longe do reino setentrional de Israel.

40. Assim Salomão procurou matar Jeroboão; porém Jeroboão se levantou, e fugiu para o Egito, a ter com Sisaque, rei do Egito; e esteve no Egito até que Salomão morreu.
1 Reis 11:26-40
   
Não sei dizer se foi por ciúme ou inveja que Salomão tentou matar Jeroboão, mas sua atitude foi uma tremenda imprudência vinda de alguém que conhecia bem a vontade divina. Entretanto, a bíblia de estudo Plenitude nos dá uma ideia, a seguir:

“Salomão, personagem que começou de forma tão humilde pedindo sabedoria, envolve-se agora numa tentativa insana de matar aquele a quem o Senhor escolheu para dar o reino cujo direito Salomão havia perdido”.
Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, nota 11.40, pág. 361.

O rei Roboão – sucessor e filho de Salomão – poderia remediar a revolta mas, ao invés, apenas a agravou. O livro de Reis diz:

1. E foi Roboão para Siquém; porque todo o Israel se reuniu em Siquém, para o fazerem rei.
2. Sucedeu que, Jeroboão, filho de Nebate, achando-se ainda no Egito, para onde fugira de diante do rei Salomão, voltou do Egito,
3. Porque mandaram chamá-lo; veio, pois, Jeroboão e toda a congregação de Israel, e falaram a Roboão, dizendo:
4. Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai, e o pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos.
5. E ele lhes disse: Ide-vos até ao terceiro dia, e então voltai a mim. E o povo se foi.

 

Este jugo trata-se de um aumento de impostos, porém creio que também se trate das medidas impopulares aplicadas por seu pai, Salomão (vs. 11:26-28).

6. E teve o rei Roboão conselho com os anciãos que estiveram na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhais vós que se responda a este povo?
7. E eles lhe falaram, dizendo: Se hoje fores servo deste povo, e o servires, e respondendo-lhe, lhe falares boas palavras, todos os dias serão teus servos.
8. Porém ele deixou o conselho que os anciãos lhe tinham dado, e teve conselho com os jovens que haviam crescido com ele, que estavam diante dele.
9. E disse-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo, que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs?
10. E os jovens que haviam crescido com ele lhe falaram: Assim dirás a este povo que te falou: Teu pai fez pesadíssimo o nosso jugo, mas tu o alivia de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai.
11. Assim que, se meu pai vos carregou de um jugo pesado, ainda eu aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

Roboão, ao invés de ouvir os sábios e experientes anciões de seu pai, escolheu dar ouvidos a um bando de jovens tolos, arrogantes e bajuladores, desprezando o conselho que manteria seu reino unido. E com isto veio o desastroso resultado:

12. Veio, pois, Jeroboão e todo o povo, ao terceiro dia, a Roboão, como o rei havia ordenado, dizendo: Voltai a mim ao terceiro dia.
13. E o rei respondeu ao povo duramente; porque deixara o conselho que os anciãos lhe haviam dado.
14. E lhe falou conforme ao conselho dos jovens, dizendo: Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu ainda aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.
15. O rei, pois, não deu ouvidos ao povo; porque esta revolta vinha do Senhor, para confirmar a palavra que o Senhor tinha falado pelo ministério de Aías, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebate.

Apesar da péssima decisão do rei, isto só refletia a vontade de Deus, conforme descrito no versículo 15. Assim como José sofreu com o mal praticado por seus próprios irmãos, Roboão também o praticaria, em ambos os casos para confirmar a palavra do Senhor. A Bíblia de Estudo Plenitude diz:

“Um dos mistérios das Escrituras é o modo como Deus age através das pessoas para realizar os seus propósitos. Aqui, os interesses egoístas de Roboão foram usados pelo Senhor para cumprir a sua promessa feita através do profeta Aías (11:29-39)”.
Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, nota 12.15, pág. 362.

16. Vendo, pois, todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, tornou-lhe o povo a responder, dizendo: Que parte temos nós com Davi? Não há para nós herança no filho de Jessé. Às tuas tendas, ó Israel! Provê agora a tua casa, ó Davi. Então Israel se foi às suas tendas.

“Às tuas tendas, ó Israel!” foi o brado da divisão e revolta. A partir deste momento, as tribos do norte haviam cortado definitivamente as relações com Judá.

17. No tocante, porém, aos filhos de Israel que habitavam nas cidades de Judá, também sobre eles reinou Roboão.
18. Então o rei Roboão enviou a Adorão, que estava sobre os tributos; e todo o Israel o apedrejou, e ele morreu; mas o rei Roboão se animou a subir ao carro para fugir para Jerusalém.
19. Assim se rebelaram os israelitas contra a casa de Davi, até ao dia de hoje.


Apesar de Roboão ainda reinar sobre os israelitas em seus domínios, as tribos do norte haviam partido. O arrogante rei ainda tenta força-los a servi-lo enviando seu embaixador Adorão, mas este acaba violentamente morto e o próprio rei, por pouco, não perde sua vida.

20. E sucedeu que, ouvindo todo o Israel que Jeroboão tinha voltado, enviaram, e o chamaram para a congregação, e o fizeram rei sobre todo o Israel; e ninguém seguiu a casa de Davi senão somente a tribo de Judá.

Sobre este trágico e desastroso evento, a Bíblia de Estudo Plenitude diz:

“A partir desse ponto, o reino permaneceu dividido até a queda de Israel em 722 a.C. Desse acontecimento em diante, o Livro dos Reis passa a se referir ao Reino do Norte como Israel e ao Reino do Sul como Judá, embora, mais tarde, levitas, benjamitas e outros tenham se incorporado a essa tribo”.
Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, nota 12.20, pág. 362.

21. Vindo, pois, Roboão a Jerusalém, reuniu toda a casa de Judá e a tribo de Benjamim, cento e oitenta mil escolhidos, destros para a guerra, para pelejar contra a casa de Israel, para restituir o reino a Roboão, filho de Salomão.
22. Porém veio a palavra de Deus a Semaías, homem de Deus, dizendo:
23. Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá, e a toda a casa de Judá, e a Benjamim, e ao restante do povo, dizendo:
24. Assim diz o Senhor: Não subireis nem pelejareis contra vossos irmãos, os filhos de Israel; volte cada um para a sua casa, porque eu é que fiz esta obra. E ouviram a palavra do Senhor, e voltaram segundo a palavra do Senhor.

Esta maravilhosa passagem nos revela quem esteve por trás destes eventos. Deus controla o destino de seu povo, e tem o total controle sobre todas as coisas. Primeiro previsto por Aías e agora confirmado por Semaías, ninguém pode agir senão sob a vontade do Senhor.

25. E Jeroboão edificou a Siquém, no monte de Efraim, e habitou ali; e saiu dali, e edificou a Penuel.
26. E disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino à casa de Davi.
27. Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do SENHOR, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me matarão, e tornarão a Roboão, rei de Judá.
28. Assim o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro; e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito.
29. E pôs um em Betel, e colocou o outro em .

 
 
O recém coroado rei temeu ser destronado e morto, e então edificou dois templos idólatras, um na cidade de Betel e outro na região de Dã. A capital escolhida do novo reino foi Siquém, uma cidade na região de Efraim, terra natal do próprio Jeroboão. Provavelmente o rei a escolheu por Roboão ter sido coroado lá e Jeroboão querer o reinado só para si. Uma decisão política de caráter psicológico na mente do povo de Israel.

30. E este feito se tornou em pecado; pois que o povo ia até Dã para adorar o bezerro.
31. Também fez casa nos altos; e constituiu sacerdotes dos mais baixos do povo, que não eram dos filhos de Levi.
32. E fez Jeroboão uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do mês, como a festa que se fazia em Judá, e sacrificou no altar; semelhantemente fez em Betel, sacrificando aos bezerros que fizera; também em Betel estabeleceu sacerdotes dos altos que fizera.
33. E sacrificou no altar que fizera em Betel, no dia décimo quinto do oitavo mês, que ele tinha imaginado no seu coração; assim fez a festa aos filhos de Israel, e sacrificou no altar, queimando incenso.
1 Reis 12:1-33


Desde o nascimento do reino os pecados de Jeroboão foram os mais terríveis. Os novos – e falsos – centros de culto rivalizavam com Jerusalém, claramente desobedecendo ao Senhor (2 Sm 7:13). Ele também falsificou o sacerdócio, excluindo os levitas (Dt 18:5) e instituiu uma nova festa imitando a Judá.

Independente da intenção política do novo rei, em Israel se estabeleceu uma forma de idolatria sem precedentes. E este abominável pecado perseguiria os israelitas durante toda a existência deste famigerado reino.


Continua na Parte 9



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