sábado, 6 de outubro de 2018

O Divórcio é Pecado? - Parte Final


  
Continuando o estudo sobre a legalidade do Divórcio, na Bíblia há passagens onde ele parece ser lícito. No Velho Testamento, quando ele ainda vigorava, há uma interessante parte que se assemelhava muito ao divórcio.

No livro de Esdras, o povo finalmente retorna do cativeiro babilônico, mas encontra-se em pecado devido ao casamento ilícito com mulheres estrangeiras. Em Esdras 10:2 diz:

2. Então Secanias, filho de Jeiel, um dos descendentes de Elão, disse a Esdras: "Fomos infiéis ao nosso Deus quando nos casamos com mulheres estrangeiras procedentes dos povos vizinhos. Mas, apesar disso, ainda há esperança para Israel.
3. Façamos agora um acordo diante do nosso Deus, e mandemos de volta todas essas mulheres e seus filhos, segundo o conselho do meu senhor e daqueles que tremem diante dos mandamentos de nosso Deus. Que isso seja feito em conformidade com a Lei.


Esdras 10:2,3
  
Secanias falava a respeito da Lei de Moisés, sobre não se misturar com os povos cananeus (Ex 34:14-16). Esdras assente ao pedido do povo, dizendo:

10. Então se levantou Esdras, o sacerdote, e disse-lhes: Vós tendes transgredido, e casastes com mulheres estrangeiras, aumentando a culpa de Israel.
11. Agora, pois, fazei confissão ao Senhor Deus de vossos pais, e fazei a sua vontade; e apartai-vos dos povos das terras, e das mulheres estrangeiras.
12. E respondeu toda a congregação, e disse em altas vozes: Assim seja, conforme às tuas palavras nos convém fazer.


Esdras 10:10-12

E assim procede o povo pós-exílico, repudiando suas mulheres estrangeiras em uma espécie de divórcio legalizado.

Em uma observação pessoal, esta pode ser considerada como uma extensão do conselho paulino de não se misturar com os ímpios, o “jugo desigual” como ele dizia (2 Cor 6:14). O Novo Testamento ordena que não haja divórcio sob qualquer circunstância, mas ao invés de pecar se misturando com os ímpios, antes previna-se deles obedecendo ao Senhor.  

É necessário relembrar que a lei valia para o tempo de Esdras, mas hoje não vale mais, portanto é melhor que se obedeça a Deus antes do que sofrer a consequência por toda sua vida depois.

15. Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos. 

João 14:15


Mesmo Deus usa o divórcio como lição ao povo impenitente. No livro de Jeremias ele diz:

1. "Se um homem se divorciar de sua mulher, e, se ela, depois de deixá-lo, casar-se com outro homem, poderá o primeiro marido voltar para ela? Não seria a terra totalmente contaminada? Mas você tem se prostituído com muitos amantes e, agora, quer voltar para mim? ", pergunta o Senhor.

Jeremias 3:1

Nesta passagem, Deus recita a Lei de Moisés, onde a carta de divórcio proibia que alguém que, repudiando sua mulher, se casasse com ela de novo.

2. Se, depois de sair da casa, ela se tornar mulher de outro homem,
3. e o seu segundo marido não gostar mais dela, lhe dará certidão de divórcio, e mandará embora a mulher. Ou também, se ele morrer,
4. o primeiro marido, que se divorciou dela, não poderá casar-se com ela de novo, visto que ela foi contaminada. Seria detestável para o Senhor. Não tragam pecado sobre a terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá por herança.


Deuteronômio 24:2-4

De fato, o povo de Israel várias vezes cometeu o pecado de prostituição espiritual contra Deus, mas Deus nunca realmente se “divorciou” do povo, ao invés, o castigou em todas as vezes (Ez 23:49).

Talvez esta seja uma evidência do infinito amor e longanimidade de Deus, pois se Ele realmente tivesse se “divorciado” de seu povo, este já teria sido destruído e desaparecido para sempre.

No livro de Oseias, Deus usa o casamento do profeta como uma alegoria para o próprio adultério espiritual de Israel. A mando do Senhor, o profeta se casa com uma mulher adúltera, geram filhos e os nomeiam segundo os pecados do povo.

2. O princípio da palavra do Senhor por meio de Oséias. Disse, pois, o Senhor a Oséias: Vai, toma uma mulher de prostituições, e filhos de prostituição; porque a terra certamente se prostitui, desviando-se do Senhor.

Oséias 1:2

Mas Gômer, a esposa de Oseias (Os 1:3), o trai e Deus manda repreende-la assim como o próprio Deus repreende o povo por suas prostituições.

2. Repreendam sua mãe, repreendam-na, pois ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido. Retire ela do rosto a aparência adúltera e do meio dos seios a infidelidade.

Oséias 2:2

Em seguida Deus manda perdoa-la, assim como Ele perdoará os pecados de todo o povo nos últimos dias.

1. O Senhor me disse: "Vá, trate novamente com amor sua mulher, apesar de ela ser amada por outro e ser adúltera. Ame-a como o Senhor ama os israelitas, apesar de eles se voltarem para outros deuses e de amarem os bolos sagrados de uvas passas".
2. Por isso eu a comprei por cento e oitenta gramas de prata e um barril e meio de cevada.
3. E eu lhe disse: Você viverá comigo por muitos dias; você não será mais prostituta nem será de nenhum outro homem, e eu viverei com você.


Oséias 3:1-3

Isto pode ser difícil para os traídos, mas há uma solução para quem não quer passar pela dor do divórcio: o perdão.

Perdoar pode ser difícil, pois a ferida sentimental é muito difícil de se superar, mas esta lição tiramos do próprio Jesus Cristo quando ele disse:

21. Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
22. Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.


Mateus 18:21,22

Se a um irmão, que não tem qualquer laço conosco, devemos perdoar setenta vezes sete vezes, quanto mais a uma esposa ou marido.

12. Assim, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revesti-vos de um coração pleno de compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. 
13. Zelai uns pelos outros e perdoai-vos mutuamente; caso alguém tenha algum protesto contra o outro, assim como o Senhor vos perdoou, assim também procedei. 

Colossenses 3:13  

Entretanto, por ser um tema tão delicado, é melhor que cada um decida como melhor proceder.


No livro de Malaquias há a expressão máxima do sentimento de Deus em relação ao divórcio.

16. "Eu odeio o divórcio", diz o Senhor, o Deus de Israel, e "o homem que se cobre de violência como se cobre de roupas", diz o Senhor dos Exércitos. Por isso tenham bom senso; não sejam infiéis.

Malaquias 2:16

A Bíblia de Estudo Plenitude descreve a passagem acima:

“Quando duas pessoas se casam, Deus se coloca como uma testemunha do casamento, selando-o com a palavra mais forte possível: concerto ou aliança. A ‘aliança’ fala sobre a fidelidade e compromisso contínuos. Ela fica como uma sentinela divina sobre o casamento, para bênção ou para julgamento”.

“O divórcio aqui é descrito como violência. Iniciar o divórcio causa violência ao propósito de Deus para o casamento e ao cônjuge a quem alguém se juntou”.

“Contudo, onde quer que o marido e a esposa vivam de acordo com os votos do seu casamento, toda a força de um Deus que mantém a aliança fica atrás deles e em seu casamento. Que confiança saber que Deus sustenta o matrimônio. Seu poder e autoridade se colocam contra cada inimigo que, violentamente, o ameaçam de dentro ou de fora”.

Fonte: Bíblia de Estudo Plenitude, nota 2:13-16, pag. 938.

Tomem cuidado, meus irmãos. A Palavra de Deus deve ser levada a sério. Apesar da Bíblia aceitar o divórcio em caso de adultério, na Lei de Moisés a infidelidade conjugal era punida com a morte.

10. Se um homem cometer adultério com a mulher de outro homem, com a mulher do seu próximo, tanto o adúltero quanto a adúltera terão que ser executados.

Levítico 20:10

Jesus perdoou a mulher adúltera (Jo 8:1-11), mas o cônjuge prejudicado pode não perdoar uma traição (Pv 6:34-35). Tenham isso em vosso coração se a tentação vos afligirem.


Mas, se tal é a condição do homem para com a sua mulher (e vice versa), como proceder em caso de crise conjugal?

A Bíblia é clara quanto a crise no casamento. Na carta aos Efésios, Paulo nos exorta:

22. Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor;
23. Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.
24. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.
25. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,

Efésios 5:22-25

E o apóstolo o complementa de maneira mais sucinta em sua carta aos Colossenses. A Palavra diz:

18. Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como convém a quem está no Senhor.
19. Maridos, amem suas mulheres e não as tratem com amargura.


Colossenses 3:18-19

Desta forma, o divórcio nunca será um risco ao casamento, pois o casal se tratará perenemente com amor, se não por sentimento, então por mandamento, em obediência única a Jesus Cristo.

Resumindo em tópicos, deixo aqui as orientações bíblicas quanto à licitude do divórcio:

·         A carta de divórcio não é mais válida, portanto o divórcio sumário está oficialmente proibido no Novo Testamento (Mt 5:31-32);
·         Entretanto, o divórcio é lícito em caso de adultério (Mt 18:9);
·         O divórcio pode ser lícito também se o cônjuge induzir o crente à prostituição espiritual, como a idolatria, o politeísmo, a magia e o paganismo (Ex 34:14-16);  
·         Não devemos nos casar com os ímpios, submetendo-nos ao jugo desigual (2 Co 6:14-16, Es 10:10-12);
·         Em caso de eventual separação, o casado deve se reconciliar com seu cônjuge ou abster-se totalmente de se casar novamente (1 Cor 7:10-11);
·         Não devemos nos divorciar se nos convertermos e o cônjuge não (1 Cor 7:10-11);
·         Porém o divórcio é válido se o cônjuge ímpio quiser a separação. Mas a iniciativa deve partir sempre dele, e não do crente (1 Cor 7:15-16);
·         O casamento é indissolúvel, até que a morte nos separe (Mt 19:11-12);
·         O divórcio pode ser evitado se a parte prejudicada conceder o perdão (Os 3:13);
·         O casamento pode ser mantido se obedecermos à Cristo, amando-se mutuamente por mandamento (Ef 5:22-25, Co 3:18-19);
·         E o último e mais importante, Deus odeia o divórcio (Ml 2:16).

Assim concluo este extenso estudo. Ainda poderia citar muito mais passagens, mas espero que o conteúdo citado elucide as dúvidas que, porventura, o cristão vir a ter.


- Eduardo Redux



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