quarta-feira, 11 de outubro de 2017

O que é Cultura?



 

Ao assistir a um vídeo de um rapaz tocando sua bateria artesanal construída com latas de aço, pratos metálicos e bumbos de baldes plásticos, tive uma reflexão crítica sobre o que acabava de assistir.

O que é Cultura?

Separando as definições mais importantes, o site dicio.com diz:

  • Conjunto dos hábitos sociais e religiosos, das manifestações intelectuais e artísticas, que caracteriza uma sociedade: cultura inca; a cultura helenística.
  • Normas de comportamento, saberes, hábitos ou crenças que diferenciam um grupo do outro: provêm de culturas distintas.
  • Expressão ou estágio evolutivo das tradições e valores de uma região, num período determinado: cultura católica.
  • Aplicação do espírito a uma coisa: a cultura das ciências.
  • Desenvolvimento das faculdades naturais: a cultura do espírito.

O site Michaelis.uol.com.br nos dá definições parecidas:

  • Conjunto de conhecimentos, costumes, crenças, padrões de comportamento, adquiridos e transmitidos socialmente, que caracterizam um grupo social.
  • Conjunto de conhecimentos adquiridos, como experiências e instrução, que levam ao desenvolvimento intelectual e ao aprimoramento espiritual; instrução, sabedoria.
  • Requinte de hábitos e conduta, bem como apreciação crítica apurada.

Deste modo, analisei que a cultura está atrelada a seis fatores determinantes:

  • Raça;
  • Etnia;
  • Local de origem;
  • Classe social;
  • Intelecto;
  • Educação.

Inicialmente as sociedades se formam pela Raça em comum. Supondo que sejam duas raças ou mais, formam-se as Etnias, como a união das nativas brasileiras com os bandeirantes portugueses. O Local de Origem é importante, pois a vegetação, geografia e clima influenciam no desenvolvimento cultural do povo. As Classes Sociais surgirão com o tempo, compondo a clássica relação entre os senhores e seus subordinados. Intelecto é uma característica peculiar de cada povo, uns terão mais facilidade na confecção de ferramentas e alfabetização do que outros. Por último, a Educação será a capacidade de transmitir e passar o conhecimento adquirido às gerações futuras.

Montando um paralelo com a Música, o artista pode (através da letra) descrever a própria condição em que vive, narrando acontecimentos corriqueiros, sua vida amorosa, dificuldades que enfrenta e reivindicações políticas. Desta maneira, o artista estará transmitindo musicalmente sua cultura.

Se analisarmos do que falam as músicas do samba por exemplo, encontraremos diversas descrições do cotidiano popular, sobretudo da raça negra. O forró descreve sobretudo os bailes nordestinos; o sertanejo a vida de peão; a música eletrônica as festas em casas noturnas; e assim por diante.

E quanto maior for o intelecto do povo, mais refinada será sua cultura. Os instrumentos clássicos da Europa desde a Idade Antiga são os mais sofisticados que existem. Isto evidencia que, com a evolução de um povo, toda as camadas, instituições e mecanismos da sociedade evoluem junto.


As demais artes acompanham os seis fatores. As magnificentes esculturas neoclássicas ou as pinturas ricas em detalhes do Renascentismo retratavam a tendência artística e a transformação do pensamento naquele período. Com a avançada técnica e instrução europeia, a escultura, a pintura, a música, a dança, a literatura, a filosofia, a arquitetura e o teatro tornaram-se modelos para o todo o mundo. Passando de artistas com origens humildes como Van Gogh, a cotidianos mais nobres como o de Beethoven, o acesso à cultura se popularizou.

É possível dizer que a cultura é a conservação dos valores e tradições humanos, é a expressão máxima da própria natureza do Homem, transmitidos através dos séculos e gerações. Arrisco-me a dizer que são os valores morais que, intrinsecamente ligados ao nosso entendimento e ações, definirão por qual caminho a cultura irá seguir.

Mas, de quais valores morais me refiro? Uma moralidade relativa, oportunista e até niilista que possa existir? Não. Refiro-me à moralidade objetiva, ou seja, aquela estabelecida por Deus através de Moisés, mas já existente no coração do Homem desde sua criação.

Por exemplo, quanto mais distante se estiver da Moral divina, piores serão seus costumes e suas tradições. Quando a moralidade for pouca (ou nula), prevalecerão práticas sexuais e pecaminosas em seu cerne cultural, como em Sodoma e Gomorra. Se seus valores morais se basearem na violência, prevalecerá a tradição voltada para a guerra, como na cidade-Estado de Esparta. Se os valores se basearem na disseminação do conhecimento, prevalecerão a filosofia e a instrução, como na Prússia.    
A seguir uma foto da antiga cidade prussiana de Königsberg (hoje Kaliningrado), um importante centro germânico cultural e intelectual da época. Já foi residência de renomados filósofos como Arthur Schopenhauer e Immanuel Kant.


A moralidade objetiva foi responsável pelas sociedades mais livres, prósperas e progressivas da história da humanidade. Notem que apenas nos países em que a moralidade objetiva foi implantada houveram os maiores progressos tecnológicos e científicos do mundo. Mesmo os países asiáticos (Coréia do Sul, Taiwan e Japão), onde não havia a noção de Cristianismo, só evoluíram depois que os valores políticos e econômicos de uma nação cristã (os Estados Unidos) foram impostos após a Segunda Guerra. 

Ou seja, a cultura dos países muda radicalmente com a implantação da moralidade objetiva cristã.

Ironicamente, ao afastar-se desta moralidade objetiva, a liberdade, a prosperidade e a cultura tendem a estagnar-se, e é este mesmo afastamento que é ferrenhamente defendido e enfaticamente proposto pelos progressistas. Em outras palavras, a política progressista é a mais retrógrada que existe.

Mas esta relação entre Cultura e Moral, se não estiverem devidamente equilibrados, tornam-se destoantes entre si, pois quanto menor for a moralidade, mais afastada de Deus será a sua cultura. Quanto maior for a moralidade, mais próxima será dele. E, independente da objetividade moral da sociedade, a cultura sempre remeterá ao teísmo.

Ao analisarmos bem a história da humanidade, veremos que todas as pequenas e grandes civilizações começaram ao redor e em função de sua religião. Ainda hoje a igreja fica na matriz das cidades. Não apenas igrejas, mas mesquitas nos países islâmicos, sinagogas em Israel, templos hinduístas na Índia, pagodas budistas na Ásia, e assim por diante. Mesmo nas culturas indígenas o teísmo é fundamental, pois a adoração aos seus deuses faz parte de seus rituais de curandeirismo.

Por curiosidade, segue uma foto de uma pagoda em Rangum, no Mianmar:

 
Portanto, o fator transcendental da religião eu considero como um fator infinitamente superior aos seis fatores, pois trata da , e é mais difícil imaginar algo além do que se pode ver e compreender.

Primordialmente, com a sociedade recém-nascida criada a partir de uma religião, os fatores da raça, etnia, local de origem se formam inicialmente. Então, os fatores da classe social, intelecto e educação são posteriormente formados. Mas todos, desde sua formação ao amadurecimento, surgem da relação cultura/moral, sempre orbitando ao redor de sua religião.   

A noção de uma sociedade (ou Estado) ateísta é notavelmente nova no mundo. O materialismo niilista dos filósofos alemães do século 19 só foram aplicados no século seguinte, nas primeiras décadas do século 20. Até então todas as culturas e sociedades de pelo menos cinco milênios de história registrada (desconsiderando os possíveis cinco milênios ainda antes destes) basearam-se no teocentrismo, ou seja, no teísmo como base de toda civilização.   


Mas, presentes em todo o mundo, há um subproduto da cultura, como um fenômeno social ou uma consequência já esperada: os ignorantes. Estes, desprovidos de uma consciência cívica comum, ao se depararem com a incômoda noção de cultura, provavelmente ignorarão sua existência e seus efeitos, mas mal sabem eles que eles mesmos fazem parte desta cultura, e que inclusive contribuem para ela, sendo sua própria existência um eco dos séculos de costumes e tradição. Sua mera existência já é uma contribuição. 

Considerando a importância cultural, é nisto onde os marxistas falham, pois mesmo em suas revoluções a cultura, a religião e os valores morais não podem ser extirpados da sociedade. A eliminação das classes dominantes, a manipulação da educação (doutrinação), a transformação da sociedade (local de origem) e a destituição da noção de raça se desfalecem assim que se perde o aparato de coerção do Estado. Mesmo um grande tirano como Mao Tse-tung fracassou em sua Revolução Cultural. Intentar destruir a cultura através de uma revolução leva ao fracasso. Em Cuba ainda se toca Salsa, na Coreia do Norte ainda se vestem com o Hanbok, na União Soviética ainda se utilizavam das magníficas orquestras dos tempos dos czares. Entendo que para se destruir a cultura seria necessário destruir juntamente o próprio pensamento humano.


Contudo, pode uma cultura superior suplantar outra inferior? Particularmente, a resposta é não. Apesar da dominação islâmica sobre os espanhóis, a península ibérica não pôde ser totalmente assimilada, pois eles firmemente mantiveram sua própria língua, religião e cultura durante os mais de 300 anos de dominação. Os poloneses (que na minha opinião são o povo mais resiliente que existe) suportaram a dominação germânica e russa por gerações, e mesmo assim não tiveram sua língua, costumes e tradições varridos por seus dominadores. E há mais vários exemplos, como os coreanos sob dominação japonesa, os chechenos sob os russos, os armênios sob os turcos, os peruanos sob os espanhóis, etc.

No máximo a cultura pode ser adaptada, mas nunca extirpada efetivamente como pretendem aqueles que conquistam.

Ainda hoje existe um debate sobre a apropriação cultural (ou na palavra dos ofendidos, um roubo) por parte de outras raças e etnias. Há protestos sobre peças de vestimentas, cortes de cabelo, gêneros musicais e até linguajares que, na visão dos ofendidos, devem pertencer somente ao grupo social de onde eles se originaram.

Em uma observação pessoal, acredito que a cultura é um patrimônio imaterial da humanidade, portanto não se pode apropriá-la. Quem tem propriedade é a empresa, o indivíduo e a instituição, mas a cultura é um bem imaterial de todos.

Concluindo, a Cultura é muito mais do que a expressão artística, tradicional e intelectual de um povo, estas são apenas uma consequência. A cultura é a própria vida em evolução.



- Eduardo Domingues



    

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