Em meu texto “Reflexões Sobre a Origem da Alma”, fiz um estudo sobre a
alma, sua origem física, sua dicotomia com a matéria e sua definição etimológica.
Mas qual é a sua diferença com o Espírito? Há diferença entre as duas entidades
metafísicas?
No site Dicio.com, Espírito tem as seguintes definições:
- Princípio imaterial, alma.
- Substância incorpórea e inteligente.
- Entidade sobrenatural: os anjos e os demônios.
- Ser imaginário: duendes, gnomos, etc.
- Pessoa dotada de inteligência superior.
- Essência, ideia predominante.
- Sentido, significação.
- Inteligência.
- Humor, graça, engenho: homem de espírito.
E por último, a mais importante para este estudo, sua origem etimológica:
- Origem da palavra espírito: do latim, spiritus.
Na seção Etimologia do site Wikipedia há uma excelente definição.
Originada do latim spiritus, a
palavra significa “respiração” ou “sopro”. Acrescento aqui ainda mais uma
definição: fôlego. Adiante uma
tabela com seus respectivos significados:
latim
|
grego
|
grego original
|
hebraico
|
hebraico original
|
|
Espírito
|
spiritus
|
pneuma
|
πνευμα
|
ruah
|
רוח
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Alma
|
anima
|
psykhē
|
ψυχή
|
nephesh
|
נפש
|
(fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%ADrito)
No livro de Gênesis, após a criação de Adão, Deus lhe dá o sopro da vida:
E formou o Senhor
Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
(Gênesis 2:7)
Notem que só após Deus soprar o fôlego da vida nas narinas de Adão é que
ele foi feito alma vivente. Conforme escrevi no meu texto “Reflexões Sobre a
Origem da Alma”, corpo e alma podem coexistir perfeitamente, mas será
necessário algo além para que, de fato, vivam. Algo maior, o Espírito.
Em casos de morte cerebral, o paciente é mantido vivo por aparelhos, mas
seu cérebro está clinicamente morto. A alma ainda está no corpo, o coração está
funcionando, o sangue irriga os tecidos, mas a mente, a parcela metafísica responsável
por despertar o paciente, está fora de seu alcance, talvez para sempre. Aí
pode-se definir o Espírito com o 2º, 5º e 8º significado da palavra Espírito,
conforme o site Dicio.com. O Espírito torna-se a razão.
Considero que o Espírito assemelha-se ao carro devidamente montado,
abastecido com combustível e equipado com a bateria. De nada ele vale se não
tiver o condutor para dirigi-lo, sendo ele mais um objeto físico inanimado, com
potencial energético desperdiçado, utilizado por ninguém.
O Espírito é seu condutor. O carro é o corpo e o combustível, juntamente
com a eletricidade gerada na bateria, são a parcela imaterial indispensável da
existência, a alma. Ambos são inúteis se a razão não os conduzir.
Em meu texto “A Santíssima Trindade”, indiquei as três pessoas da
Trindade. Com uma analogia similar, é possível definir os três elementos – e
não pessoas – da composição existencial humana: Alma, Corpo e Espírito. Alguns
versículos bíblicos que reforçam essa ideia:
E o mesmo Deus de
paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito,
e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo.
(1 Tessalonicenses 5:23)
E, respondendo
ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma,
e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento,
e ao teu próximo como a ti mesmo.
(Lucas 10:27)
Amarás, pois, o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração,
de toda a tua alma e de toda a tua força.
(Deuteronômio 6:5)
Este último versículo – em Deuteronômio – faz uma variação de Espírito,
trocando-o tanto por coração, quanto por alma ou força. Na bíblia de estudo
Plenitude há uma excelente explicação para esta variação, como consta a seguir:
“A obediência de Israel devia provir de um relacionamento baseado no
amor. Este versículo é considerado por Jesus como o primeiro e o maior
mandamento. O coração era considerado a sede da mente e da vontade. Quando Jesus cita esta passagem em Mc 12:30 e
em Lc 10:27, ele adiciona ‘entendimento’ para, provavelmente, enfatizar a
‘compreensão’”.
(fonte: Bíblia de Estudo Plenitude pg. 191)
Ou seja, a triplicidade única do Homem o classifica como um ser com
elementos físicos, emocionais e espirituais.
Na carta de Paulo aos Gálatas, ele nos dá ilustração do que seriam as características
do Espírito:
16. Digo, porém:
Andai em Espírito, e não cumprireis
a concupiscência da carne.
17. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
18. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
19. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia,
20. Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21. Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
22. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
23. Contra estas coisas não há lei.
24. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
25. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.
26. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.
17. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
18. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
19. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia,
20. Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
21. Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
22. Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
23. Contra estas coisas não há lei.
24. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
25. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.
26. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.
(Gálatas 5:16-26)
Lembremo-nos que para se ser uma pessoa espiritual devemos estar
convertidos em Cristo em verdade e em Espírito, ou seja, de todo nosso
entendimento. E assim como Paulo descreveu, os cristãos não devem proceder
segundo as obras da carne, e sim em Espírito, sendo nós mesmos batizados no
Espírito Santo.
Para recebermos o batismo de fogo e os dons do Espírito, devemos ser espirituais, jamais carnais conforme
visto em Gálatas 5:16-26. A seguir o que Paulo diz sobre os dons do Espírito
Santo:
9. Porque a um pelo Espírito é dada
a palavra da sabedoria; e a outro,
pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé;
e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10. E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
10. E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
(1 Coríntios 12:9-10)
Até o sacrifício de Cristo, era restrito o acesso ao Santo dos Santos
(local onde se guardava a Arca da Aliança). No livro de Levítico diz:
Disse, pois, o
Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o
tempo, para dentro do véu, diante do
propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu aparecerei
na nuvem sobre o propiciatório.
(Levítico 16:2)
Mas após sua crucificação, o véu do templo se rasgou e o acesso direto ao
Senhor se estabeleceu.
50. E Jesus,
clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.
51. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;
51. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras;
(Mateus 27:50-51)
Desta maneira, eliminou-se a necessidade de intermediários entre o Homem
e Deus (sacerdotes levíticos), cumprindo-se o que Jesus disse:
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim.
(João 14:6)
Deus só habita em lugares e servos santos, e hoje todos os batizados no Espírito
Santo têm acesso a Deus através de Jesus Cristo, reforçando aí o apelo de Paulo
para sermos espirituais e irrepreensíveis.
Ter o Espírito não significa ser apenas um poliglota (dom de línguas),
significa ser um instrumento nas mãos de Deus. Significa operar milagres, fazer
pregações, dar alívios, livramentos, profetizar. Significa ser uma candeia em um
quarto escuro, uma cidade sobre o monte, o sal da terra... Conforme dito no
evangelho de Mateus:
13. Vós sois o sal
da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais
presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
14. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15. Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
14. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
15. Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
(Mateus 5:13-16)
Apenas desta forma seremos espirituais, através de
nossas obras, nossa obediência à Palavra e nosso entendimento. Ser espiritual
reflete o próprio caráter de Deus.
Sejamos, pois, instrumentos nas mãos do Deus Vivo e
permitamos sermos usados por Ele para que, como o próprio Jesus disse, através
de nós glorifiquem o Pai que está nos céus!
- Eduardo Domingues
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